domingo, 9 de outubro de 2016

Vede que grande amor nos...

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não O conheceu a Ele mesmo. 1 João 3:1. 

Quantos hoje vêem a Jesus Cristo, o Salvador do mundo, como Ele é? Quão poucos O conhecem! Quão poucos conhecem o Pai! Todos quantos conhecem a Cristo têm conhecimento do Pai. Uma das maiores bênçãos que podem sobrevir à humanidade caída é ver a Cristo como Ele é; o precioso Salvador, vê-Lo como Ele é! Quantos têm uma visão parcial de Jesus Cristo. Quantos O reconhecem como o Redentor do mundo, mas não O conhecem como Salvador pessoal; e isto é essencial — o conhecimento de Deus em Jesus Cristo. ...
“E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança.” 1 João 3:3. Que esperança? Ora, a de ver a Jesus como Ele é, a fé viva que se apodera do braço do infinito Deus, a fé viva que recebe a Cristo como Salvador pessoal. Quem O conhece dessa maneira? Nenhum dentre todos os vislumbres casuais que você tiver de Cristo salvará uma única pessoa. Você O conhece pela viva ligação da fé?...
Havia uma obra maravilhosa para que Ele realizasse, quando veio à Terra. Satanás conduzia as coisas como bem entendia. Reclamava o território terrestre como pertencente a ele, o príncipe do mundo. Cristo veio para disputar-lhe o poder e essa reivindicação. Cristo veio para resgatar a raça humana de seu poder opressivo. ... O campo de batalha se encontrava exatamente aqui neste pequeno mundo; o conflito continuava entre o Príncipe da vida e os poderes das trevas. Qual deles triunfaria? Todo o universo celestial, todos os seres celestes, contemplavam a Cristo e tomavam conhecimento da batalha. Aqui estava Cristo disputando a autoridade de Satanás, e Satanás O seguia a cada passo, decidido a derrotá-Lo com suas tentações, decidido a cansar e exaurir a paciência e longanimidade de Deus para com a família humana, a fim de que pudesse arruinar todos os seus membros. ...
Seja qual for a sua fraqueza, [mesmo] tolhido por debilidades, em Deus há esperança para você. Nosso precioso Salvador veio para salvar totalmente a pessoa que vai a Ele. ... Àqueles cuja mente se ocupa com os prazeres terrenos, Ele vem e ergue a voz de advertência, apresentando a eternidade; abre o Céu diante de você, o limiar iluminado e avivado com Sua glória, a glória que flui pela porta aberta. A porta está aberta de par em par, graças a Deus. — Manuscrito 86, 1894.

A partir deste momento, Pilatos procurava...

A partir deste momento, Pilatos procurava soltá-Lo, mas os judeus clamavam: Se soltas a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César. João 19:12. 

Depois de ter Herodes feito sua obra satânica, enviou Cristo, sem ter pronunciado juízo contra Ele, de volta a Pilatos, um homem convencido da verdade, mas indisposto a ceder. Pilatos parecia atuar mediante influências invisíveis para reconhecer suas convicções a respeito do Santo de Israel. Sua mente inconstante foi compelida a reconhecer que Cristo não era um impostor, que nem um único traço de engano se poderia encontrar em Suas palavras e atitudes. ... Diante daquela multidão satânica, enlouquecida, propôs ele o açoite em lugar da cruz.
Os decididos sacerdotes e príncipes planejaram que não ficasse de fora o açoitamento, mas não consentiriam em que nada menos que a cruz fosse a Sua punição. Essa é a natureza humana hoje, quando se encontra sob o controle de Satanás. ...
Pilatos não estava disposto a condenar a Cristo, e julgou que poderia, independentemente dos príncipes, fazer um apelo à simpatia, ao lado humano do caráter da turba. Sabia que nada tinha a esperar nesse sentido dos sacerdotes e maiorais. Fez um breve discurso, declarando que não achara em Cristo falta alguma. Confirmou o testemunho de Herodes, de que as testemunhas contra Cristo eram inúteis — não concordavam entre si. ...
Pilatos agia contra a luz, contra evidências esmagadoras e contra sua convicção. Os sacerdotes e príncipes viram que não poderiam obter tudo o que desejavam. Pilatos tinha as evidências e a justiça a seu lado, e se ele tivesse assumido firmemente a sua posição com base na inocência de Cristo, ter-se-ia poupado do remorso e desespero de um homem que sacrificou a inocência ao mortal ódio e inimizade de um povo invejoso e professamente religioso. Jesus foi açoitado. 
Uma mensagem de Deus advertiu Pilatos do ato que estava para cometer. ... Enquanto Pilatos examinava o Prisioneiro, sua esposa foi visitada por um anjo do Céu, e numa visão da noite vira o Salvador e com Ele conversara. ... Ouviu a condenação pronunciada por Pilatos, e viu-o entregar Cristo a Seus matadores. Com um grito de terror, despertou. Pedindo pena e papel, escreveu-lhe palavras de advertência. Agora, no dilema de Pilatos, um mensageiro abre caminho até ele com uma mensagem de sua esposa: “Não te envolvas com esse Justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por Seu respeito.” Mateus 27:19. — Manuscrito 112, 1897

Não sabes que tenho autoridade para Te...

Não sabes que tenho autoridade para Te soltar e autoridade para Te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre Mim, se de cima não te fosse dada. João 19:10, 11.

Na sala do julgamento acha-Se Cristo, ligado como preso. O magistrado olha para Ele com suspeita e severidade. O povo se reúne rapidamente, e os espectadores estão por todos os lados enquanto se lêem as acusações contra Ele: “Afirma ser o rei dos judeus.” “Recusa-Se a pagar tributo a César.” “Faz-Se igual a Deus.”...
Pilatos estava convencido de que nenhuma evidência de culpa poderia ser comprovada, a despeito de terem os sacerdotes e príncipes declarado que Ele falava blasfêmia. Mas os judeus estavam sob a inspiração de Satanás como estiveram Caim e outros assassinos, decididos a destruir a vida em lugar de salvá-la. “Insistiam, porém, cada vez mais, dizendo: Ele alvoroça o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui.” Lucas 23:5.
Agora pensou Pilatos ver uma oportunidade de livrar-se da questão do julgamento de Cristo. Percebeu claramente que os judeus haviam entregado a Cristo por inveja. ... “Ao saber que era [Cristo] da jurisdição de Herodes, estando este, naqueles dias, em Jerusalém, lho remeteu.” Lucas 23:7.
Era esse o Herodes cujas mãos estavam manchadas com o sangue de João. “Herodes, vendo a Jesus, sobremaneira se alegrou, pois havia muito queria vê-Lo, por ter ouvido falar a Seu respeito; esperava também vê-Lo fazer algum sinal.” Lucas 23:8.
A obra e missão de Cristo no mundo não era satisfazer a frívola curiosidade de príncipes, governantes, sacerdotes ou camponeses. Veio para curar os quebrantados de coração. ... Pudesse Cristo ter proferido qualquer palavra para sarar as feridas das pessoas enfermas de pecado, e não guardaria silêncio. Mas as preciosas gemas da verdade, instruíra Ele os discípulos, não deviam ser lançadas aos porcos. E a atitude de Cristo perante Herodes tornou Seu silêncio eloquente.
O povo judeu levara seu tão aguardado Messias à condenação pelo poder sob o qual eles mesmos se encontravam em servidão. Procuraram obter a condenação do Príncipe da vida — o Único que os podia libertar da escravidão. — Manuscrito 112, 1897.

É costume entre vós que eu vos...

É costume entre vós que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus? João 18:39.


O grande conflito entre o Príncipe da luz e o príncipe das trevas não reduziu um jota ou um til de sua influência com a passagem do tempo. ...
Em nosso favor, Cristo enfrentou as capciosas tentações satânicas e nos deixou um exemplo de como vencer Satanás no conflito. Exorta Seus seguidores, dizendo: “Tende bom ânimo; Eu venci o mundo.” João 16:33. Satanás tem feito magistrais esforços para perpetuar o pecado. Dispôs seus instrumentos malignos para guerrear contra Jesus Cristo num ativo e desesperado conflito, a fim de poder ferir o coração do infinito Amor. Seduziu as pessoas a se curvarem aos ídolos, obtendo assim a supremacia sobre os reinos terrestres. Concluiu que ser o deus deste mundo era a melhor coisa depois de obter a posse do trono de Deus no Céu. Em grande medida, tem sido bem-sucedido em seus planos. Quando Jesus esteve na Terra, Satanás levou as pessoas a rejeitarem o Filho de Deus e escolherem Barrabás, que no caráter representava a Satanás, o deus deste mundo.
O Senhor Jesus Cristo veio para disputar a usurpação de Satanás nos reinos do mundo. O conflito ainda não terminou, e ao nos aproximarmos do fim do tempo, a batalha se torna mais intensa. Ao aproximar-se o segundo aparecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, instrumentos satânicos são movidos de baixo. Não só aparecerá Satanás como ser humano, mas personificará a Jesus Cristo, e o mundo que rejeitou a verdade o receberá como o senhor dos senhores e rei dos reis. Exercerá seu poder e operará sobre a imaginação humana. Corromperá a mente e o corpo das pessoas e operará mediante os filhos da desobediência, fascinando e seduzindo, como o faz a serpente. Que espetáculo será o mundo para os seres celestiais! Que espetáculo contemplará Deus, o Criador do mundo!

A forma que Satanás assumiu no Éden para levar nossos primeiros pais a transgredir foi de natureza a desnortear e confundir a mente. Ele trabalhará de maneira [igualmente] sutil ao nos aproximarmos do fim da história terrestre. Todo o seu poder enganador será posto em ação para completar a obra de iludir a família humana. Tão enganadora será sua atuação, que as pessoas farão como nos dias de Cristo, e ao se lhes perguntar: “A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?” o clamor quase universal será: “Barrabás, Barrabás!” E quando se fizer a pergunta: “Que farei, então, deste a quem chamais o Rei dos Judeus?” o clamor novamente será: “Seja crucificado!” — Manuscrito 39, 1894; The Review and Herald, 14 de Abril de 1896.

Todo ramo que, estando em Mim, não der...



Todo ramo que, estando em Mim, não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. João 15:2.

Tenho pensado na lição que Cristo deu a Seus discípulos justamente antes de entrar no Jardim do Getsémani, sabendo que seria Sua última oportunidade de instruí-los antes da crucifixão. Ele lhes diz, apontando para uma videira — e a videira era algo que os judeus valorizavam e respeitavam grandemente, considerando-a bela — “Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em Mim, não der fruto, Ele o corta.”
Aqui existe algo para o nosso estudo. ... Temos agora nossas oportunidades para produzir fruto; podemos revelar que somos ramos produtores de frutos na vinha. E se sairmos agora de maneira descuidada e indiferente, qual será nossa posição? Ele nos diz que nos removerá, pois não podemos fazer nada sem Cristo, e se somos um ramo morto e não extrairmos seiva e nutrição da Videira viva, tornar-nos-emos galhos secos. Ele diz que todo ramo que dá fruto, Ele o limpa [desbasta], a fim de que produza mais fruto. ...
Temos o inimigo em nosso mundo com quem pelejar. Temos os poderes das trevas a enfrentar. Teremos de estar nesse conflito enquanto durar o tempo. Nosso Salvador esteve em conflito com os poderes das trevas, e esses poderes estiveram em conflito com Ele, mesmo depois de ter Ele vindo ao mundo. Satanás estava em conflito com Ele. E tão logo começou Ele a exercer a Sua faculdade de raciocínio, entrou em conflito com os poderes das trevas. Sua própria chegada — como um bebê em Belém — devia erguer um estandarte contra o inimigo. ...
E quando Ele se foi, o que fez? Quem deveria assumir o conflito? Quem são os seres visíveis que devem assumir o conflito aqui neste mundo e levá-lo até o final? São os seguidores de Cristo, toda alma entre eles. Não somente os designados pastores. É aí que nosso povo comete um grande erro. Parecem achar que dia após dia, hora após hora, minuto a minuto no conflito, os pastores devem cuidar deles. Isso diz respeito a cada um de nós.
Não sabemos que obra Deus tem para que façamos. ... Se temos apenas aquele único talento e o entregamos aos banqueiros e trabalhamos com esse único talento, e Deus vê que somos fiéis no mínimo, Ele nos dará outro talento. ... E assim o talento continua aumentando e crescendo; e quanto mais entregarmos aos banqueiros, mais talentos teremos para empregar para a glória de Deus. — Manuscrito 56, 1890.

Já não falarei muito convosco, porque aí vem o...


Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em Mim. João 14:30

O Comandante do Céu foi assaltado pelo tentador. Não teve uma passagem livre e desobstruída pelo mundo. Não foi deixado livre e sem impedimentos para conquistar pessoas para o Seu reino mediante Sua graciosa misericórdia e benignidade. ... Nenhum ser humano viera ao mundo e escapara do poder do enganador. Todas as forças da confederação do mal se dispuseram em Seu caminho para empenhar-se em batalha contra Ele e, se possível, prevalecer sobre Ele. ... 
Satanás viu a imagem de Deus no caráter e na pessoa de Jesus Cristo. Ele sabia que se Cristo executasse Seu plano, sua autoridade satânica teria fim. A vida de Cristo, portanto, foi uma guerra constante contra os instrumentos satânicos. ... O conflito intensificou-se em ferocidade e malignidade ao ser arrancada repetidamente a presa de suas mãos. ... 
Justamente antes de Sua crucifixão o Salvador disse: “Aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em Mim.” Embora aquela fosse a hora do poder das trevas, em antecipação ao Seu triunfo pôde Cristo dizer: “O príncipe deste mundo já está julgado.” João 16:11. “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.” João 12:31. Vendo completada a obra da redenção, Ele pôde, mesmo às portas da morte, falar da grande libertação final e representar as coisas futuras como se já fossem presentes. O Filho unigênito do infinito Deus pôde com sucesso executar o grande plano que tornou certa a salvação da humanidade. ... 
A condição do mundo antes do primeiro aparecimento de Cristo é um quadro da condição do mundo exatamente antes de Seu segundo advento. A mesma iniquidade existirá; Satanás manifesta o mesmo poder enganador sobre a mente humana. ... Ele está preparando seu exército de instrumentos humanos para o envolvimento no último conflito contra o Príncipe da vida, para subverter a lei de Deus, que é o fundamento de Seu trono. Satanás operará com miraculosas apresentações para confirmar as pessoas na crença de que ele é o que alega ser — o príncipe deste mundo — e que a vitória é sua. Voltará suas forças contra os que são leais a Deus; mas embora possa causar dor, aflição e agonia entre os seres humanos, não poderá poluir a alma. ... O povo de Deus nestes últimos dias deve esperar entrar no auge do conflito, pois a Palavra profética diz: “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandame! ntos de Deus e têm o testemunho de Jesus.” Apocalipse 12:17. — Carta 43, 1895; The Review and Herald, 29-10-1895.

Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não...

Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. João 14:27.

No Oriente, a saudação costumeira ao visitar o lar de um amigo era “Paz seja com esta casa” e, ao deixá-la, eram usadas as mesmas palavras. Mas a despedida de Cristo foi de um caráter totalmente diferente. João 14:27. Muita coisa está incorporada nessas palavras. Elas são da maior importância e ecoarão até os mais remotos confins da Terra. ...
Cristo trouxe consigo essa paz ao mundo. Veio para conceder essa paz, para que todo o que nEle crê possa ter a paz que excede todo entendimento. Ele, o Redentor do mundo, levou consigo essa paz ao longo de Sua vida terrestre, e agora chegara o momento em que devia entregar Sua vida, para que o tesouro da paz pudesse habitar para sempre no coração pela fé. Deixou essa paz com Seus discípulos e a está implantando e mantendo no coração de todos quantos lhe recebem a presença. ...
Chegara o momento da última tentativa de Satanás para vencer a Cristo. Mas Jesus havia declarado: Ele nada tem em Mim, nenhum pecado que Me coloque em seu poder. Ele nada pode achar em Mim que se curve a suas sugestões satânicas. ...
Por que esse severo conflito com o príncipe do mundo quando Jesus, durante Sua infância, juventude e varonilidade, tinha vivido a lei de Deus?... Com uma palavra, Cristo poderia ter subjugado os poderes de Satanás. Mas Ele veio ao mundo para suportar toda prova, toda provocação que os seres humanos poderiam enfrentar sem se sentirem desafiados ou provocados, revidando em palavras, no espírito ou em ação. Para a honra e glória de Deus, devia Ele oferecer-Se ao Pai como sacrifício vivo, imaculado. ... Os mundos não caídos, os anjos do Céu e a raça caída observavam cada movimento feito pelo Representante do Pai e Representante da perfeita humanidade. E Seu caráter permaneceu sem defeito. ...
O último assalto viria em breve. A grande vitória a ser alcançada era a união com Seu povo escolhido de modo que, embora devesse Cristo ser levado da Terra para o Céu, Sua igreja pudesse manter comunhão com Ele. ...
Por vezes nossas provas não vêm isoladas, seguidas por um período de paz e descanso; as tentações vêm como uma esmagadora onda para destruir tudo diante de si. As aflições não criam cristãos, mas simplesmente desenvolvem neles a mente e a vontade de Cristo, os vivos princípios da virtude e santidade. — Manuscrito 44, 1897

Em verdade, em verdade vos digo que...


Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós Me trairá. João 13:21. 

Os discípulos haviam perscrutado atentamente o rosto uns dos outros, enquanto indagavam: “Porventura, sou eu, Senhor?” Mateus 26:22. Até então Judas estivera em silêncio, como que desinteressado. Agora seu silêncio atraía para ele todos os olhares. Para fugir à investigação dos discípulos, perguntou, como eles haviam feito: “Acaso sou eu, Mestre?” Jesus respondeu solenemente: “Tu o disseste.” Mateus 26:25. ...
Mesmo agora poderia Judas ter reconhecido sua culpa, mesmo agora rompido o poder sedutor sobre si. Cristo lhe estava justamente ao lado, pronto para auxiliá-lo. Mas seu orgulho e a tentação do inimigo foram tão fortes que ele não teve poder para escapar da cilada. Em vez de lançar-se sobre a misericórdia de um compassivo Salvador, preparou-se para resistir. ...
A história de Judas apresenta o triste fim de uma vida que poderia ter sido honrada por Deus. ... O próprio Judas havia solicitado um lugar no círculo mais íntimo de discípulos. Com grande veemência e aparente sinceridade, declarou: “Senhor, seguir-Te-ei para onde quer que fores.” ...
Os discípulos estavam ansiosos por que Judas fosse contado entre eles. Tinha imponente aparência, era dotado de perspicácia e habilidade executiva, e eles o recomendaram a Jesus como pessoa que Lhe seria de grande utilidade na obra.
O rosto de Judas não era repulsivo. Era vivo e inteligente, mas carecia da ternura e compaixão que se vêem numa pessoa verdadeiramente convertida. ... Servindo aos outros, Judas poderia ter desenvolvido espírito abnegado. Mas ao passo que ouvia diariamente as lições de Cristo e Lhe testemunhava a vida isenta de egoísmo, Judas condescendia com uma disposição cobiçosa. ...
Cristo leu o seu coração, e em Seus ensinos demorava-Se sobre os princípios de generosidade que feriam pela raiz a cobiça. Apresentava diante de Judas o odioso caráter da ganância, e muitas vezes compreendeu o discípulo que seu caráter fora descrito, apontado seu pecado; mas não queria confessar e abandonar sua injustiça. Era cheio de presunção e, em lugar de resistir à tentação, continuava em suas práticas fraudulentas. ...
Se bem que Jesus conhecesse Judas desde o princípio, lavou-lhe os pés. E o traidor teve o privilégio de unir-se com Cristo na participação do sacramento. ... A ele fora oferecido o pão da vida e a água da salvação. A ela fora dada a lição do Salvador. Mas Judas recusou-se a ser beneficiado. — Manuscrito 106, 1903.

Aproximou-Se, pois, de Simão Pedro, e...

Aproximou-Se, pois, de Simão Pedro, e este Lhe disse: Senhor, Tu me lavas os pés a mim? João 13:6.

Ao chegar a vez de Pedro, ele foi incapaz de dominar-se e exclamou com espanto: “Senhor, Tu me lavas os pés a mim?”...
Calmamente Jesus respondeu: “O que Eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.” João 13:7. Sentindo agudamente a humilhação de seu Senhor, e cheio de amor e reverência para com Ele, Pedro com grande ênfase exclamou: “Nunca me lavarás os pés.”
Solenemente disse Jesus a Pedro: “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.” João 13:8.
Um raio de luz penetrou a mente do discípulo. Ele viu que o serviço que recusava era um tipo da purificação mais elevada — a purificação espiritual da mente e do coração. Não podia suportar a ideia de separar-se de Cristo; isso teria sido para ele a morte. “Não somente os pés”, disse, “mas também as mãos e a cabeça.” João 13:9.
“Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo.” João 13:10.
Aquele que viera do banho estava limpo, mas os pés calçados de sandálias logo se encheram de pó, e necessitavam novamente ser lavados. Assim Pedro e seus irmãos haviam sido lavados na grande fonte aberta para o pecado e a impureza. Cristo os reconhecia como Seus. Mas a tentação os levara ao mal, e necessitavam ainda de Sua graça purificadora. Quando Jesus Se cingira com a toalha para lhes lavar o pó dos pés, desejava, por aquele mesmo ato, lavar-lhes do coração a discórdia, o ciúme e o orgulho. Isso era de muito mais importância que a lavagem de seus empoeirados pés. Com o espírito que então os animava, nenhum deles estava preparado... para participar na ceia pascoal, ou tomar parte no serviço comemorativo que Cristo estava para instituir. Seu coração devia ser limpo. O orgulho e o interesse egoísta criaram dissensão e ódio, mas tudo isso lavou Cristo ao lavar-lhes os pés.
Operou-se uma mudança de sentimentos. Olhando para eles, Jesus podia dizer: “Vós estais limpos.” Agora havia união de coração, amor de um para com o outro. Tornaram-se humildes e dóceis. Com exceção de Judas, cada um estava disposto a conceder ao outro o mais alto lugar. ...
Antes da participação nos emblemas do corpo partido e do sangue derramado de Cristo, toda diferença existente entre irmão e irmão deve ser removida. ... Devemos buscar um preparo para nos assentarmos com Cristo em Seu reino. — Manuscrito 106, 1903.

Nem considerais que vos convém que...

Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação. João 11:50. 

Com Caifás, encerrava-se o sacerdócio judaico. Esse orgulhoso, prepotente e ímpio homem provara sua indignidade de envergar os trajes de sumo sacerdote. Não possuía nem capacidade nem autoridade do Céu para realizar o trabalho. ... Por assim dizer, Caifás não era sumo sacerdote. Vestia os trajes sacerdotais, mas não mantinha ligação vital com Deus. ... 
O pretenso julgamento de Cristo mostra quão vil se tornara o sacerdócio. Os sacerdotes contrataram pessoas para testemunharem falsamente sob juramento, para que Jesus fosse condenado. Mas nessa ocasião a verdade saiu em auxílio de Cristo. ... Assim se mostrou que as acusações contra Ele eram falsas, que as testemunhas haviam sido subornadas por homens que acalentavam no íntimo os mais vis elementos de corrupção. Era desígnio de Deus que os homens que entregaram a Jesus ouvissem o testemunho de Sua inocência. “Eu não acho nEle crime algum”, declarou Pilatos. João 18:38. E Judas, lançando aos pés dos sacerdotes o dinheiro que havia recebido para trair a Cristo, deu testemunho: “Pequei, traindo sangue inocente.” Mateus 27:4. 
Anteriormente, quando o Sinédrio havia sido convocado para traçar planos no sentido de prender Jesus e condená-Lo à morte, Caifás dissera: Não podeis ver que o mundo vai atrás dEle? Ouviram-se as vozes de alguns membros do conselho, rogando aos outros que dominassem sua paixão e ódio contra Cristo. Desejavam impedir que fosse condenado à morte. Em resposta a eles, Caifás dissera: “Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação.” 
Essas palavras foram pronunciadas por alguém que não lhes conhecia o significado. ... Ele estava condenando Aquele cuja morte acabaria com a necessidade de tipos e sombras, cuja morte era prefigurada em cada sacrifício feito. Mas as palavras do sumo sacerdote significavam mais do que ele ou aqueles que se aliavam a ele sabiam. Com elas, testemunhava que chegara o tempo em que o sacerdócio de Arão cessaria para sempre. ... 
Caifás foi aquele que devia estar oficiando quando tipos e sombras encontrassem a realidade, quando o verdadeiro Sumo Sacerdote devia assumir Seu ofício. ... Pessoas com todo tipo de caráter, justas e injustas, estarão em suas posições. Com o caráter que formaram, desempenharão sua parte no cumprimento da história. — Manuscrito 101, 1897

Não vos escolhi Eu em número de...

Não vos escolhi Eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo. Referia-Se Ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-Lo, sendo um dos doze. João 6:70, 71.

Judas foi alguém que exerceu grande influência sobre os discípulos. Tinha imponente aparência e excelentes qualificações. Mas esses atributos não haviam sido santificados a Deus. Judas havia aberto as câmaras de sua mente, a porta de seu coração, às tentações de Satanás. Suas energias eram dedicadas a servir-se e exaltar-se, e a amar o dinheiro. ...
Aquela pobre e independente pessoa, separada do espírito e da vida de Cristo, passou por tempos difíceis. Estava sempre sob condenação, porque as lições de Cristo lhe eram cortantes. Ainda assim, não se transformou nem se converteu num ramo vivo mediante a ligação com a Videira verdadeira. Ah, se Judas tão-somente humilhasse o coração diante de Deus sob esta divina instrução que apontava tão claramente para ele mesmo nos princípios estabelecidos! Não teria então continuado a ser um tentador para seus irmãos discípulos, semeando-lhes no coração a semente da incredulidade.
Satanás semeara no coração e na mente de Judas a semente que ele comunicou a seus irmãos. As questionadoras dúvidas que foram passadas do diabo para a mente de Judas, ele as passou à mente de seus irmãos. Apresentava tantas acusações de seus irmãos, que se contrapunha às lições de Cristo. Foi por isso que Jesus chamou Judas de diabo. ...
Não existe coisa tal como ocupar uma posição neutra. Cada um terá prestado a Ele um serviço segundo a sua capacidade. E todos, pela fé em Cristo, terão um senso do privilégio de estarem ligados a Ele. ... O discípulo cuja religião é tão-só uma profissão, distingue-se dos verdadeiros. ...
Não é suficiente ouvir a Palavra de Deus. A menos que seja ensinada por Deus, a verdade não será aceita para a salvação da alma. Deve ser levada à vida prática. O instrumento humano revelará se foi ensinado por Deus. E se não foi, não é porque Deus não esteja disposto a ensinar, mas porque a pessoa não está disposta a receber Seu ensino e comer o Pão da Vida.
“Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz [que Deus envia] e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.” João 3:20. Odeia a repreensão. ... A pessoa que tem justiça própria não buscará a luz. Ama as trevas mais do que a luz, porque não deseja ver-se como Deus a vê. “Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.” João 3:21. — Manuscrito 67, 1897; ver também The Review and Herald, 2 de Fevereiro de 1897.

Veio para o que era Seu, e os...

Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. João 1:11.

Perante eles [a multidão com Jesus em Sua entrada triunfal], descortinava-se a cidade de Jerusalém, com o templo de alvo mármore, banhado de glória pelos raios do sol poente. É um quadro de beleza insuperável, e a ele bem se poderiam aplicar as palavras do profeta: “Serás uma coroa de glória na mão do Senhor, um diadema real na mão do teu Deus.” Isaías 62:3. Diante da arrebatadora cena, a multidão com renovado fervor se une em brados de aclamação jubilosa. ... Supõem que Cristo esteja agora para assumir o trono de Davi e reinar como príncipe temporal. Seus olhos se voltam para ver como Ele reage diante da impressiva cena. Mas eis que o Filho do homem está em lágrimas!
Ao repousarem os olhos de Cristo sobre o templo, prestes a ser desolado, e seu véu rasgado quando o ato final dos judeus Lhe consumaria a morte, Ele chora sobre a desobediente cidade. ... Dentro de poucas horas o Redentor do mundo seria preso por mãos ímpias, e crucificado. Não a nação romana, não os gentios, mas o povo pelo qual tanto fizera e de quem esperara tanto, seria Seu homicida. ...
Não mais se ouviria na cidade a graça que traz salvação. Essa era a causa da intensa tristeza do Salvador. ... As ternas lágrimas que Ele derramou sobre Jerusalém foram as últimas lágrimas do amor rejeitado. ... A vibrante multidão não podia compreender a causa da tristeza do Salvador. Não sabiam que as iniquidades de Israel estavam trazendo sobre ela suas calamidades finais. Mas uma misteriosa reverência cai sobre a procissão e em certo sentido lhe acalma o entusiasmo. ... Muitos, naquele ajuntamento, trazem no próprio corpo a evidência de que o poder divino está entre eles, e cada um tem uma história para contar acerca das misericordiosas obras de Cristo. A narração daquelas maravilhosas obras aumenta o fervor de seus sentimentos até alcançar uma intensidade indescritível. Os discípulos e o povo se unem em cânticos de louvor.
Então chegam a Ele os príncipes e sacerdotes, pedindo-Lhe que silencie essas aclamações. “Mestre, repreende os Teus discípulos!” dizem eles. Cristo lhes responde: “Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão.” Lucas 19:39, 40.
Cristo viera à Terra para revelar os princípios do reino do Céu. Seu caráter como Salvador e doador da vida havia sido demonstrado bem pouco tempo antes, junto ao sepulcro de Lázaro, mas em seu orgulho os judeus rejeitaram Aquele que era poderoso e portador da salvação. Quão diferente seria a atitude de Cristo, tivessem os príncipes e sacerdotes sido fiéis ao depósito a eles confiado! — Manuscrito 128, 1899.

Mas Herodes, juntamente com os...

Mas Herodes, juntamente com os da sua guarda, tratou-O com desprezo, e, escarnecendo dEle, fê-Lo vestir-Se de um manto aparatoso, e o devolveu a Pilatos. Lucas 23:11. 


A história passada se repetirá. Um decidido conflito deve travar-se no mundo cristão. Pessoas desleais aos mandamentos do Deus vivo, em sua suposta importância, serão inspiradas por Satanás para guerrear contra aqueles que seguem o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. ... O resultado será que essas pessoas se tornarão desumanas em seus atos para com outras pessoas. ...
Se o professo mundo cristão aprendesse uma lição do tratamento que Jesus recebeu dos judeus, e resolvesse pela graça de Deus nunca pisar sobre o mesmo terreno, não se faria responsável pela morte de Cristo na pessoa de Seus santos.
Um grande grupo de sacerdotes e anciãos acompanhou Cristo até Herodes. E quando Cristo foi levado perante Herodes, todos esses sacerdotes e escribas falavam excitadamente, apresentando suas acusações contra Ele. Mas o tetrarca prestou pouca atenção às acusações trazidas contra Cristo. Considerou-O inocente de todo crime.
Os soldados romanos sabiam que agradariam a vil, endurecida e rude turba, bem como aos sacerdotes e príncipes, se mostrassem por Cristo todo o desprezo que uma ímpia e corrupta soldadesca podia instigar. E foram auxiliados pelos próprios dignitários judeus. ... Expuseram a Majestade do Céu, o Rei da glória, diante deles como um embusteiro, e trataram-nO como objeto de escárnio.
Fizeram com que o Rei da glória aparecesse sob uma luz tão ridícula quanto possível. Vestiram-nO com um velho manto real púrpura, que servira a algum rei. Colocaram em Suas mãos um velho bastão e, sobre Sua divina cabeça, uma coroa de cruéis espinhos, que Lhe perfuraram a santa fronte, fazendo descer o gotejante sangue por Sua face e barba. Os mais insolentes discursos foram feitos diante dEle. Mas Cristo não lhes dirigiu nenhum olhar de reprovação. Cobriram-Lhe o rosto com uma velha peça de roupa e Lhe bateram na face, dizendo: “Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que Te bateu!” Mateus 26:68. Então, arrancando rudemente o manto, cuspiram-Lhe no rosto e bateram nEle com uma cana, com toda a força brutal de uma soldadesca corrupta. Foram usadas as mais grotescas atitudes e a linguagem mais vil, enquanto em pretensa humildade se curvavam diante dEle. ...

Os judeus haviam desejado uma evidência de Sua divindade pela operação de um milagre, mas ali tinham eles evidência muito maior do que qualquer milagre que se poderia realizar. — Manuscrito 112, 1897.

Suscitaram também entre si uma...


Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Lucas 22:24.

O pedido de Tiago e João, de se assentarem à direita e à esquerda do trono de Cristo, excitara a indignação dos outros. O fato de os dois irmãos manifestarem a presunção de pedir a mais alta posição excitara por tal forma os dez, que havia ameaça de alheamento. Pensaram que eram mal julgados, que sua fidelidade e seus talentos não eram apreciados. Judas era o mais rigoroso contra Tiago e João. 
Quando os discípulos entraram na sala da ceia, tinham o coração cheio de ressentimentos. Judas apressou-se em tomar lugar junto de Cristo, à esquerda; João estava à direita. Se houvesse lugar mais elevado, Judas estava decidido a ocupá-lo, e esse lugar, julgava-se, era junto de Cristo. E Judas era um traidor. 
Surgira outra causa de dissensão. Numa festa, era costume que um servo lavasse os pés aos hóspedes, e nessa ocasião se fizeram preparativos para esse serviço. O jarro, a bacia e a toalha ali estavam, prontos para a lavagem dos pés; não havia nenhum servo presente, porém, e cabia aos discípulos fazer isso. Mas cada um deles, cedendo ao orgulho ferido, resolveu não desempenhar a parte de servo. ... 
Olhando para o semblante perturbado de Seus discípulos, Cristo ergueu-Se da mesa e, pondo de lado a veste exterior, que Lhe poderia estorvar os movimentos, tomou uma toalha e cingiu-Se. ... 
Judas foi o primeiro cujos pés Jesus lavou. Judas já havia fechado o acordo para entregar Jesus nas mãos dos sacerdotes e escribas. Cristo lhe conhecia o segredo. Não obstante, não o expôs. Estava sequioso de sua alma. Seu coração bradava: Como posso renunciar a ti? Esperava que Seu ato de lavar os pés de Judas tocasse o coração do discípulo errante e o impedisse de completar seu ato de deslealdade. E por um momento o coração de Judas comoveu-se intensamente com o impulso de confessar no mesmo instante e ali mesmo o seu pecado. Mas não queria humilhar-se. Endureceu o coração contra o arrependimento. Escandalizou-se com o ato de Cristo. Se Jesus assim Se humilhava, pensou, não podia ser o Rei de Israel. ... 
Até mesmo Judas, se se houvesse arrependido, teria sido recebido e perdoado. A culpa de sua alma teria sido lavada pelo sangue expiatório de Cristo. Mas, com autoconfiança e exaltação própria, acalentando em alta estima a sua própria sabedoria, justificou seu procedimento. — Manuscrito 106, 1903.

Chegou o dia dos pães asmos, em que importava...

Chegou o dia dos pães asmos, em que importava comemorar a Páscoa. Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparar-nos a Páscoa para que a comamos. Lucas 22:7, 8.

Cristo escolhera Pedro e João, que no futuro deviam estar intimamente ligados no trabalho, para fazerem os preparativos para a ceia. ... “Então, lhes explicou Jesus: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem com um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar e dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde é o aposento no qual hei de comer a Páscoa com os Meus discípulos?” Lucas 22:10, 11. ...
Cristo desejava guardar-Se contra qualquer movimento prematuro que pudessem fazer traidores indo à ceia e praticando a ação planejada por Judas. Era costume dos moradores da metrópole acomodar forasteiros desejosos de celebrar a festa da Páscoa. A mensagem tomou a forma de uma ordem. Poderia parecer-nos inconveniente que esses dois galileus falassem dessa maneira com um estranho. Mas as circunstâncias ocorreram como Cristo havia predito. Os discípulos encontraram um homem que carregava um cântaro. Seguiram-no e entraram na casa onde ele entrou e repetiram sua mensagem, que recebeu pronta acolhida por parte do dono da casa. ...
Era a última Páscoa que Jesus comemoraria com Seus discípulos. Ele sabia que Sua hora chegara; Ele mesmo era o verdadeiro Cordeiro Pascal, e no dia em que se comia a páscoa, devia Ele ser sacrificado. Sabia que as circunstâncias ligadas àquela ocasião jamais seriam esquecidas por Seus discípulos.
As primeiras palavras de Cristo após se haverem reunido ao redor da mesa foram: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do Meu sofrimento. Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus.” Lucas 22:15, 16. ...
Naquela última noite com os discípulos, Jesus tinha muito a dizer-lhes. Estivessem eles preparados para receber o que lhes almejava comunicar, e teriam sido poupados de desoladora angústia, decepção e incredulidade. Mas Jesus viu que não podiam suportar o que lhes tinha a dizer. Ao contemplar-lhes o rosto, as palavras de advertência e conforto estancaram-se-Lhe nos lábios. Passaram-se momentos em silêncio. Parecia que Jesus esperava. Os discípulos não se sentiam à vontade. Os olhares que trocavam entre si, traduziam ciúmes e rivalidade. ... Apegavam-se os discípulos à sua ideia favorita de que Cristo firmaria Seu poder e tomaria Seu posto no trono de Davi. E no íntimo cada um continuava a anelar a posição mais elevada no reino. — Manuscrito 106, 1903.

E, estando em agonia, orava mais...

E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o Seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra. Lucas 2:44.


Cristo não fora forçado a fazer isso [levar a culpa de um mundo que perecia]. Ele Se apresentara voluntariamente para depor a vida e salvar o mundo. As reivindicações do governo de Deus haviam sido mal compreendidas mediante as enganosas obras e palavras de Satanás, e a necessidade de um mediador foi vista e sentida pelo Pai e o Filho. ...
O universo celeste havia observado com intenso interesse a vida de Cristo — cada passo, desde a manjedoura até à presente cena de solene interesse. Os mundos não caídos observavam o resultado desse conflito. Contemplavam o Filho de Deus, seu amado Comandante, em Sua agonia sobre-humana, aparentemente morrendo no campo de batalha para salvar um mundo perdido. ...
Satanás impunha sobre Ele toda a força de suas tentações. Mostrou diante dEle que o pecado do mundo, tão ofensivo a Deus, era um castigo grande demais. Ele nunca mais seria considerado puro, santo e incontaminado, como o Filho unigênito de Deus.
Cristo adotava agora uma atitude diferente de todas as anteriores. Até ali, havia permanecido como intercessor em favor dos outros; agora ansiava Ele por um intercessor para Si mesmo. Poderia Sua natureza humana suportar a tensão? Seriam colocados sobre Ele os pecados de um mundo apóstata, desde a transgressão de Adão até o fim do tempo?...
Na crise suprema, quando coração e alma se rompiam sob o fardo do pecado [do mundo], Gabriel é enviado para fortalecê-Lo. E enquanto o anjo ampara Seu desfalecido corpo, Cristo apanha o amargo cálice e consente em beber-lhe o conteúdo. Diante do Sofredor surge o lamento de um mundo perdido, e dos lábios manchados de sangue brotam as palavras: “Se a raça caída deve perecer, a menos que Eu beba este cálice, faça-se a Tua vontade, e não a Minha.” ...
Houve silêncio no Céu. Nenhuma harpa soava. Anjos vêem seu Senhor circundado de legiões de forças satânicas, Sua natureza humana vergada ao peso de misterioso pavor que O fazia tremer. ... Fortalecido pelo anjo enviado do Céu, Jesus Se ergue do suor, sangue e agonia e pela terceira vez retorna aos Seus discípulos. ... Mas é desapontado. Encontra-os dormindo na hora de Sua mais amarga agonia. E a cena entristeceu os anjos. ... A profecia declarara que o “poderoso para salvar” devia pisar o lagar sozinho; “dos povos, nenhum homem se achava” com Ele. Isaías 63:3. — Manuscrito 42, 1897

Este foi ter com Pilatos e...

Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. ... E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo de linho e o depositou no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha. Mateus 27:58-60. 

Por homens de inteligência foram esses sacerdotes e príncipes convidados a explicar as profecias do Antigo Testamento a respeito do Messias, e enquanto procuravam forjar qualquer falsidade em resposta, ficaram como loucos. Repousava sobre muitos indagadores a convicção de que as Escrituras se haviam cumprido. ...
José era um discípulo de Cristo, mas no passado não se identificara com Ele por medo dos judeus. Agora foi ousadamente a Pilatos e pediu o corpo de Cristo. Era um homem rico e isso lhe deu influência sobre o governador. Tivesse ele demorado, e o corpo do Salvador teria sido colocado com os corpos dos ladrões numa desonrosa sepultura.
Nicodemos, príncipe e rabi, também era discípulo de Cristo. Havia procurado o Salvador à noite, temeroso de que se soubesse que seu coração estava perturbado. Naquela noite, ouviu o mais importante discurso que já caiu de lábios humanos. João 3. As palavras que ouviu lhe penetraram a alma. Tinha sido iluminado por elas, mas ainda não se havia identificado com Cristo. Estivera entre o número mencionado por João. “Muitos dentre as próprias autoridades creram nEle, mas, por causa dos fariseus, não O confessavam, para não serem expulsos da sinagoga.” João 12:42. Mas Nicodemos se esforçou, tanto quanto pôde, para defender a Cristo. Certa ocasião perguntou aos sacerdotes: “Acaso a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?” João 7:51. ...
Após a crucifixão, Nicodemos foi até à cruz, levando uma mistura de mirra e aloés para embalsamar o corpo de Cristo. Havia testemunhado o cruel tratamento dos sacerdotes; havia observado a paciência e a divina postura de Cristo, mesmo em Sua humilhação. Agora via mais claramente o caráter real do sumo sacerdote e foi ousadamente tirar o corpo ferido de seu Salvador, visto como o corpo de um malfeitor. Dessa maneira, identificou-se com Cristo em Sua vergonha e morte.
Com a morte de Cristo, haviam perecido as esperanças dos discípulos. Com frequência repetiam as palavras: “Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir a Israel.” Lucas 24:21. ... Reuniram-se no aposento superior e fecharam e trancaram as portas, sabendo que o destino de seu amado Mestre poderia ser o deles a qualquer momento. — Manuscrito 111, 1897; Manuscript Releases 12:419, 420.

Levantai-vos, vamos! Eis que o...

Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima. Marcos 14:42. 


E agora ouvem o tropel de soldados no jardim. “Ora, o traidor tinha-lhes dado esta senha: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-O e levai-O com segurança. E, logo que chegou, aproximando-se, disse-Lhe: Mestre! E o beijou.” Marcos 14:44, 45. “Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?” Lucas 22:48. ...
À multidão, disse Jesus: “Saístes com espadas e porretes para prender-Me, como a um salteador? Todos os dias Eu estava convosco no templo, ensinando, e não Me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras.” Marcos 14:48, 49.
O registro que João faz deste evento é: “Tendo, pois, Judas recebido a escolta e, dos principais sacerdotes e dos fariseus, alguns guardas, chegou a este lugar com lanternas, tochas e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-Se e perguntou-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então, Jesus lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o traidor, estava também com eles. Quando, pois, Jesus lhes disse: Sou Eu, recuaram e caíram por terra. ... Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai Me deu?” João 18:3-11.
Tendo Ele dito isso, o terror se apoderou dos discípulos. Agora estavam todos juntos novamente, rodeando seu Senhor; mas diante do ato de Pedro, “os discípulos todos, deixando-O, fugiram”. Mateus 26:56.
A natureza humana de Cristo era semelhante à nossa. E o sofrimento, na verdade, era sentido mais agudamente por Ele, pois Sua natureza espiritual estava isenta de qualquer nódoa de pecado. A aversão ao sofrimento era proporcional a sua intensidade. Seu desejo de evitar o sofrimento era tão forte quanto o experimentam os seres humanos. ...
Quão intenso foi o desejo da humanidade de Cristo de escapar do desprazer de um Deus ofendido; o anseio de Sua alma por alívio é revelado nas palavras do Sofredor: “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice! Todavia, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres.” Mateus 26:39. ... Todos os pecados acumulados do mundo foram postos sobre o Portador de pecados, Aquele que era inocente de todo pecado, Aquele que sozinho podia ser a propiciação pelo pecado, porque era obediente. Sua vida era uma com Deus. Nem uma nódoa de corrupção havia sobre Ele. — Manuscrito 42, 1897

Então, foram a um lugar chamado...

Então, foram a um lugar chamado Getsémani ; ali chegados, disse Jesus a Seus discípulos:  
Ao deixar Cristo os discípulos, pedindo-lhes que orassem por si mesmos e por Ele, escolheu três — Pedro, Tiago e João — e penetrou nos mais retirados recessos do horto. Esses três discípulos tinham visto Sua transfiguração; tinham visto os visitantes celestiais, Moisés e Elias, falando com Jesus, e Cristo desejava sua presença com Ele nessa ocasião também. ... 
Cristo expressou Seu desejo de simpatia humana, e então retirou-Se deles cerca de um tiro de pedra, caiu sobre Seu rosto e orou, dizendo: “Pai, se queres, passa de Mim este cálice; contudo, não se faça a Minha vontade, e sim a Tua.” Lucas 22:42. ...
A sobre-humana agonia com a qual estivera lutando levou-O aos discípulos, ansiando por companheirismo humano. Mas foi desapontado; não Lhe deram o auxílio que deles esperava. ...
Ouçam a agonizante oração de Cristo no jardim do Getsémani! Enquanto os discípulos dormiam sob os estendidos ramos das oliveiras, o Filho do homem — um homem de dores e que sabe o que é padecer — estava prostrado sobre a terra fria. Ao sobrevir-Lhe a agonia de alma, grandes gotas sanguinolentas de suor Lhe saíram dos poros e, com o orvalho que caía, umedeceram a relva do Getsémani. ... 
Ali o misterioso cálice Lhe tremeu na mão. Ali o destino de um mundo perdido oscilou na balança. Deveria Ele enxugar as gotas de sangue de Sua fronte e arrancar de Sua alma a culpa de um mundo que perecia, e que O colocava, o inocente, sob a penalidade de uma lei justa? Deveria recusar tornar-Se o substituto e penhor dos pecadores? Recusar dar-lhes outra oportunidade, outro tempo de graça? 
A separação de Seu Pai, a punição pela transgressão e pelo pecado, devia cair sobre Ele a fim de exaltar a lei de Deus e testificar de sua imutabilidade. E isso decidiria para sempre o conflito entre o Príncipe de Deus e Satanás a respeito do caráter imutável daquela lei.
A Majestade do Céu era como alguém atordoado pela agonia. Nenhum ser humano poderia suportar tal sofrimento; mas Cristo havia contemplado a luta. Dissera a Seus discípulos: “Tenho um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto Me angustio até que o mesmo se realize!” Lucas 12:50. Aquela era a “hora e o poder das trevas”. Lucas 22:53. — Manuscrito 42, 1897.

E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o...

E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Marcos 7:9. 


Os homens mais cultos nos dias de Cristo — filósofos, legisladores, sacerdotes, com todo o seu orgulho e superioridade — não podiam interpretar o caráter de Deus. ... Quando, na plenitude do tempo, Cristo veio ao nosso mundo, estava ele entenebrecido e maculado pela maldição da apostasia e impiedade espiritual. Os judeus se haviam envolvido com o negro manto da incredulidade. Não guardavam os mandamentos de Deus. ...
Aqueles a quem Ele se dirigia, consideravam-se superiores a todos os outros povos. Vangloriavam-se orgulhosamente de que a eles haviam sido confiados os oráculos de Deus. A Terra suspirava por um mestre enviado de Deus, mas quando Ele veio assim como os oráculos vivos especificavam que viria, os sacerdotes e instrutores do povo não puderam discernir que era Ele o seu Salvador, nem puderam entender a maneira de Sua vinda. Não acostumados a aceitar a Palavra de Deus exatamente como estava escrita, ou a permitir que fosse sua própria intérprete, eles a liam à luz de suas máximas e tradições. Por tanto tempo haviam negligenciado estudar e esquadrinhar a Bíblia, que suas páginas lhes eram um mistério. Volveram-se com aversão da verdade de Deus para as tradições dos homens.
A nação judaica havia atingido um tempo crítico em sua história. Muita coisa estava em jogo. Recuaria a ignorância humana? Haveria fome de um conhecimento mais profundo de Deus? Transformar-se-ia essa sede num anelo pela bebida espiritual, assim como a sede de Davi se tornara um anseio pela água do poço de Belém? Volver-se-iam os judeus da influência de falsos mestres, que lhes haviam pervertido os sentidos, e clamariam a Deus por instrução divina?...
Quando Cristo veio como ser humano, uma inundação de luz se derramou sobre o mundo. Muitos O teriam recebido alegremente, escolhendo andar na luz, se tão-somente os sacerdotes e governantes tivessem sido leais a Deus e guiado o povo corretamente, dando-lhes uma legítima interpretação das verdades da Palavra. Mas por tanto tempo haviam os líderes aplicado mal as Escrituras, que o povo foi desencaminhado por falsidades. ...

Os judeus, como nação, recusaram-se a aceitar a Cristo. Afastaram-se do único Ser que poderia tê-los salvado da ruína eterna. Um semelhante estado de coisas existe hoje no assim chamado mundo cristão. Pessoas que alegam compreender as Escrituras estão rejeitando a lei de Deus e exercendo uma forte e decidida influência contra ela. ... Qual é o resultado? Observe o rumo da juventude que cresce ao nosso redor. — Manuscrito 24, 1891; Manuscript Releases 19:252-254.

Perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que...

Perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? Mateus 27:17. 

Outro recurso insinuou-se à mente de Pilatos, mediante o qual poderia salvar Aquele a quem não ousava entregar à turba enlouquecida, sabendo que por inveja haviam trazido Jesus à sala do julgamento. Invenção pagã, sem uma partícula de justiça, era costume que, por ocasião da grande festa nacional, fosse libertado um prisioneiro condenado à morte. Poderia o persuadido Pilatos usar esse subterfúgio e conseguir o que desejava — salvar um homem inocente, cujo poder, embora preso e sob acusação, ele sabia não ser o poder de um homem comum, mas de Deus? Sua alma estava em terrível conflito. Apresentaria o digno e inocente Cristo lado a lado com o famoso Barrabás, e se convenceu de que o contraste entre a inocência e a culpa seria tão convincente, que Jesus de Nazaré seria escolhido por eles. 
Barrabás havia asseverado ser Cristo e cometera grande maldade. Sob uma ilusão satânica, pretendia que tudo quanto pudesse obter por furtos e assaltos era seu. Um marcante contraste se apresentava entre os dois. Barrabás era uma personalidade famigerada que havia realizado coisas admiráveis por meios diabólicos. Pretendia ter poder religioso, o direito de estabelecer uma nova ordem de coisas. ... 
Esse falso Cristo reivindicava aquilo que Satanás reclamara no Céu — o direito a todas as coisas. Cristo, em Sua humilhação, possuía todas as coisas. NEle não havia treva alguma. ...
Barrabás e Cristo estavam lado a lado, e todo o universo celestial os contemplava. As pessoas olhavam para os dois. Onde estavam agora as vozes que alguns dias antes proclamavam em alto som as maravilhosas obras que Cristo havia realizado?... Naquela ocasião, a inconstante multidão estivera imbuída com um entusiasmo de impulso celestial para proclamar em cânticos sagrados o seu louvor e hosanas, enquanto Cristo entrava em Jerusalém. Agora lhes é dada a escolha. Pilatos pergunta: “A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?”... 
Ergueu-se até ao Céu um clamor de tremendo significado para todo o mundo. O Céu todo ouviu aquele clamor do qual pareciam todos participar com um zelo e desespero nascido de sua escolha. “Não este”, disseram, apontando para Jesus, “mas Barrabás.”... O Redentor do mundo foi rejeitado; o culpado assassino, poupado. — Manuscrito 112, 1897.

E, vendo uma figueira à beira do...

E, vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente. Mateus 21:19.


Não era coisa comum apresentar uma figueira abundante folhagem no início da estação. O fruto da figueira aparece antes de suas folhas; esperava-se, portanto, que uma figueira coberta de folhagem tivesse frutos. Cristo aproximou-Se da árvore, esperando encontrar frutos ali, mas procurando desde o ramo mais baixo até ao superior, nada encontrou exceto folhas, e Sua maldição caiu sobre ela.
Esse momento no ministério de Cristo é singular. Foi diferente do costume e das obras de Cristo. ... Aonde quer que fosse, espalhava Ele misericórdia em palavras de conselho e atos de bondade. Era o Restaurador, Aquele que cura. Não veio para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. Os discípulos não puderam entender o ato de Cristo ao punir a árvore por sua esterilidade, e Lhe disseram: “Como secou depressa a figueira!” Mateus 21:20.
Pouco antes, Cristo fizera Sua entrada triunfal em Jerusalém. Pela segunda vez havia purificado o templo e expulsado de seu pátio os traficantes. ... Um comércio desonesto era praticado por pessoas que traziam gado para vender no pátio do templo, mas a palavra de ordem foi dada; a divindade irradiou através da humanidade, e nenhum sacerdote, com seus vistosos trajes, ou cambista que Lhe contemplasse o semblante, ousou permanecer. ...
Essa foi a parábola da dispersão dos judeus. Agora Cristo, sob o símbolo da crestada árvore, apresenta diante de Seus discípulos a justa ira de Deus ao ver o pátio do templo profanado para a obtenção de lucro ilícito, e a destruição da nação judaica. Aquela árvore, ostentando sua pretensiosa folhagem diante da face do próprio Cristo, era um símbolo da nação judaica, que se havia separado de Deus até que, em orgulho e apostasia, perdera sua capacidade de discernimento e não reconhecera seu Redentor. ...

Aquela ressequida figueira, com seus pretensiosos ramos, deve repetir a lição em todos os tempos, até ao encerramento da história da Terra. ... Se o espírito de Satanás entrou nos corações não santificados nos dias de Cristo para opor-se aos requisitos de Deus para aquela geração, seguramente entrará nas professas igrejas cristãs [em nossos dias]. A história se repetirá. ... Mas o povo que obedece aos mandamentos de Deus não entra em controvérsia. Toma a Palavra de Deus como seu guia. — Manuscrito 32, 1898.

Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos...

Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Mateus 21:12. 

O pátio do templo estava cheio de gado, ovelhas, bois e pombas. Acima do barulho do mugido do gado, do balido das ovelhas e do arrulhar das pombas, podia-se ouvir a voz dos negociantes, ao oferecerem para a venda animais e aves, ao mais alto preço, para os que tinham vindo à Páscoa oferecer sacrifícios. Jesus disse: “Está escrito: A Minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores.” Mateus 21:13.
Esse ato da parte de Cristo foi profundamente significativo, mais significativo do que qualquer dos expectantes poderia compreender. Quando os sacerdotes e fariseus se recuperaram do terror que se havia apossado de suas culpadas almas diante das palavras de Cristo, retornaram ao templo. Não estavam convertidos, nem mesmo humilhados. Decidiram desafiar a Cristo quanto a Sua autoridade para expulsá-los do pátio do templo. Quando chegaram ao templo, descobriram que uma obra maravilhosa havia sido realizada durante sua ausência. Os enfermos e moribundos haviam sido restaurados à saúde. Ficaram espantados, mas não cediam em sua obstinada incredulidade. Já estavam decididos a condenar Cristo à morte, e também Lázaro, que fora ressuscitado dentre os mortos. Sabiam que as pessoas ainda creriam em Jesus enquanto estivesse entre elas alguém que fora por Seu poder ressuscitado dos mortos.
A evidência que Cristo tinha dado fora calculada para convencer cada mente sincera, mas aquelas pessoas não queriam evidências. O que procuravam era a rejeição e a condenação de Cristo por parte do povo. Toda evidência adicional só aumentava sua aversão por Cristo. Ter a Cristo no mundo realizando Suas maravilhosas obras, tê-Lo vivendo entre o povo a Sua vida de bondade, abnegação e sacrifício, tê-Lo exercendo em favor dos outros a terna compaixão que havia muito desaparecera de suas vidas, era exatamente o que não queriam.
Cristo estava cumprindo a comissão que Lhe fora dada pelo Pai. “O Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.” Lucas 4:18, 19. — Manuscrito 128, 1899