Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Lucas 22:24.
O
pedido de Tiago e João, de se assentarem à direita e à esquerda do
trono de Cristo, excitara a indignação dos outros. O fato de os dois
irmãos manifestarem a presunção de pedir a mais alta posição excitara
por tal forma os dez, que havia ameaça de alheamento. Pensaram que eram
mal julgados, que sua fidelidade e seus talentos não eram apreciados.
Judas era o mais rigoroso contra Tiago e João.
Quando
os discípulos entraram na sala da ceia, tinham o coração cheio de
ressentimentos. Judas apressou-se em tomar lugar junto de Cristo, à
esquerda; João estava à direita. Se houvesse lugar mais elevado, Judas
estava decidido a ocupá-lo, e esse lugar, julgava-se, era junto de
Cristo. E Judas era um traidor.
Surgira
outra causa de dissensão. Numa festa, era costume que um servo lavasse
os pés aos hóspedes, e nessa ocasião se fizeram preparativos para esse
serviço. O jarro, a bacia e a toalha ali estavam, prontos para a lavagem
dos pés; não havia nenhum servo presente, porém, e cabia aos discípulos
fazer isso. Mas cada um deles, cedendo ao orgulho ferido, resolveu não
desempenhar a parte de servo. ...
Olhando
para o semblante perturbado de Seus discípulos, Cristo ergueu-Se da
mesa e, pondo de lado a veste exterior, que Lhe poderia estorvar os
movimentos, tomou uma toalha e cingiu-Se. ...
Judas
foi o primeiro cujos pés Jesus lavou. Judas já havia fechado o acordo
para entregar Jesus nas mãos dos sacerdotes e escribas. Cristo lhe
conhecia o segredo. Não obstante, não o expôs. Estava sequioso de sua
alma. Seu coração bradava: Como posso renunciar a ti? Esperava que Seu
ato de lavar os pés de Judas tocasse o coração do discípulo errante e o
impedisse de completar seu ato de deslealdade. E por um momento o
coração de Judas comoveu-se intensamente com o impulso de confessar no
mesmo instante e ali mesmo o seu pecado. Mas não queria humilhar-se.
Endureceu o coração contra o arrependimento. Escandalizou-se com o ato
de Cristo. Se Jesus assim Se humilhava, pensou, não podia ser o Rei de
Israel. ...
Até mesmo Judas, se se
houvesse arrependido, teria sido recebido e perdoado. A culpa de sua
alma teria sido lavada pelo sangue expiatório de Cristo. Mas, com
autoconfiança e exaltação própria, acalentando em alta estima a sua
própria sabedoria, justificou seu procedimento. — Manuscrito 106, 1903.
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