Colecção “VERDADES ETERNAS”.5
A VIDA CRISTÃ – UMA VIDA DE FÉ
A pessoa que aceitou a Cristo, e foi justificada perante Deus, começou uma nova vida. A sua vida é
pura e apresenta-se a Deus como inocente. O registo declara que a justiça de Cristo é a sua justiça, e
que, em vez de ser considerado como transgressor da lei de Deus, é considerado como se sempre a
tivesse guardado. Os seus pecados passados são perdoados e esquecidos, e levanta-se na sua
inocência imputada. É livre. «Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.»
(Romanos 4:8).
Justificados pela fé
Deus não faz acepção de pessoas. O mais endurecido pecador pode achar graça e perdão da mesma
maneira que o homem cujos pecados podem parecer menos flagrantes. Quando, durante a Guerra
Civil Americana, foi publicada pelo Presidente Lincoln a Proclamação da Emancipação, os
escravos, quer fossem bons ou maus, foram igualmente libertados. Não se fez nenhuma distinção. A
proclamação abrangia a todos. Ninguém era libertado pelo que tinha feito, mas devido à
proclamação do Presidente. Assim sucede com aqueles que aceitam as providências tomadas por
Deus para a sua redenção. O Seu convite é que «quem quiser» venha, e aquele que vem de maneira
nenhuma será lançado fora. Todos, de igual modo, se tão-somente vierem, serão aceites e
purificados em virtude do que Cristo fez por eles. Jesus disse, falando pela pena do profeta:
«Os purificarei de toda a sua maldade com que pecaram contra mim; e perdoarei todas as
iniquidades, com que pecaram contra mim.» (Jeremias 33:8).
«Pois, quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que
o temem. Quanto está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.»
(Salmos 103:11-12).
«O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.» (I João 1:7).
Mas a mensagem divina continua ainda:
«Naqueles dias e naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a maldade de Israel, e não será achada, e
os pecados de Judá, mas não se acharão; porque perdoarei aos que eu deixar de resto.» (Jeremias
50:20).
«Porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.» (Jeremias
31:34).
«Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões, por amor de mim, e dos teus pecados me
não lembro.» (Isaías 43:25).
Como é maravilhosa esta mensagem! Ele não só perdoa mas até esquece! «Nunca mais me
lembrarei dos seus pecados.» Graças a Deus! Só Deus podia ser tão magnânimo. Ele perdoa, e
também esquece. Não só isso, mas se se procurarem os pecados, «não se acharão», porque Ele os
lançou «nas profundezas do mar.» (Miqueias 7:19).
O apelo de Deus a cada indivíduo é: «Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra;
porque eu sou Deus, e não há outro.» (Isaías 45:22). O Seu convite aos homens para irem a Jesus
em busca de perdão e justificação completa é universal – é para todos. A cada uma as Suas mãos
feridas pelos cravos estão estendidas hoje em amoroso convite para vir e ser salvo. A morte de Jesus
foi tão certamente para cada pecador, como teria sido se acaso apenas tivesse havido um pecador
que necessitasse de salvação. Ele teria morrido por esse único pecador. Os pecadores em toda a
parte são objecto do Seu amor e terno cuidado. «Pois que com amor eterno te amei, também com
amorável benignidade te atraí.» (Jeremias 31:3).
Vivendo pela fé
«O justo viverá da fé.» (Hebreus 10:38).
«Que fará o pecador salvo com a sua vida justificada? Foi-lhe dada uma página limpa. Que
escreverá nela? Se deseja conservar o terreno que ganhou pela fé em Cristo, que espécie de vida
deve ele viver agora? Será uma vida de pecado ou de desobediência? Deixemos o apóstolo Paulo
responder:
«Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós,
que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que, todos quantos
fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados
com ele, pelo baptismo, na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai,
assim andemos nós, também, em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele
na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso
homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não
sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já
morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; sabendo que, havendo Cristo
ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. Pois, quanto a ter
morrido, de uma vez morreu para o pecado, mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim, também,
vós, considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso
Senhor.» (Romanos 6:1-11).
Doravante a vida deve ser diferente. Os que estão mortos para o pecado não podem «viver ainda
nele». Isto significa que, após a conversão, deve manifestar-se nas suas vidas uma continuação
daquela obediência que Cristo lhe imputou na altura em que O aceitaram.
«Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu
Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a
justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito.»
(Romanos 8:3-4).
Deve haver, portanto, uma experiência mais alta e mais santa. Os pecados passados são perdoados,
e a justificação é obtida. E agora devemos ter a experiência de entrar em tão íntima comunhão com
Cristo que a santa lei de Deus passe a ser obedecida realmente na vida diária. Esta é a gloriosa
experiência da santificação.
A lei de Deus escrita no coração
Ouvi a promessa maravilhosa: «Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa
de Israel, diz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e
eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo.» (Hebreus 8:10). Aqui há mais do que justiça
imputada. A justiça é comunicada. Atinge realmente a carne e põe as suas acções em harmonia
com a lei de Deus; a natureza é mudada; os preceitos da lei são escritos no coração, e, em vez de se
ver a transgressão na vida, aparece a obediência.
«Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não
são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e
toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento
à obediência de Cristo.» (II Coríntios 10:3-5).
Nenhuma doutrina mais desonrosa para Deus poderia ser pregada do que aquela segundo a qual a
expiação de Cristo libertou o homem da obrigação de obedecer à lei moral de Deus. Tornar a
obediência possível ao homem foi o seu mais alto e santo objectivo. Será razoável que Cristo tenha
morrido para salvar os homens da culpa da transgressão, dar-lhes livre perdão do passado, e dizer-
lhes depois: «Agora estais livres: podeis roubar, mentir, cometer adultério, matar, profanar o Sábado
de Deus? Não – mil vezes não!
Os homens salvos não estão livres para transgredir a lei de Deus. Certamente, estão livres da sua
condenação quanto aos pecados do passado, que eles eram impotentes para desfazer, e que Deus
agora livremente perdoou; mas não lhe foi dada autorização para abusarem da bondade de Deus
continuando a transgredir. Um homem que nunca guardou a lei pode ser perdoado e justificado
perante Deus, mas não pode permanecer neste estado justificado sem a guardar. Ele não guarda a lei
para se tornar cristão, mas deve, sendo cristão guardá-la como tal.
«Não sabeis que os injustos não hão-de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem
os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os
avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores, herdarão o reino de Deus. E é
o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido
justificados, em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.» (I Coríntios 6:9-11). « Nem
todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu
Pai que está nos céus.» (Mateus 7:21).
«E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.
Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao
espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de que tal
era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo
ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.» (Tiago 1:22-
25).
Cristo em vós
Ninguém se engane acerca do modo como este elevado ideal de obediência na carne deve ser
atingido. Não pode ser realizado pelo esforço humano. Mesmo depois da conversão os homens
continuam humanos, apenas pecadores salvos pela graça dos seus pecados passados, e ainda
demasiado fracos para prestar qualquer obediência aceitável a uma lei santa. Só o pode conseguir
por meio de Cristo. Cristo vem e vive a Sua vida nos homens, comunicando-lhes realmente a Sua
justiça e tornando-a justiça deles próprios. Assim declara o apóstolo Paulo:
«Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora
vivo, na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.»
(Gálatas 2:20).
Aqui, pois, é um novo elemento injectado na natureza humana. É o elemento divino – o poder de
Jeová – Cristo, elevando a fraqueza humana e dando-lhe forças para fazer a vontade de Deus. É
«Cristo em vós, a esperança da glória.» (Colossenses 1:27).
«Por causa disto, me ponho de joelhos perante o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a
família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda
que sejais corroborados, com poder, pelo seu Espírito, no homem interior; para que Cristo habite
pela fé nos vossos corações; a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais
perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e
a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais
cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais
abundantemente, além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a
esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Ámen.» (Efésios
3:14-21).
Aqui está o poderoso segredo da vida cristã. O Redentor não limpa e perdoa o pecador apenas para
o abandonar de novo à sua própria fraqueza, nem lhe concede licença para continuar a sua vida de
transgressão; mas entra, Ele próprio, na cidadela do coração submisso, esvaziado depois de ter
partido o pecado e com o Seu poder real toma domínio da vida e do coração. E que pode Ele fazer
para pôr essas vidas em harmonia com a santa lei? Ah, ouvi outra vez: Ele é poderoso para fazer
tudo mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos». E ainda: «Posso todas as
coisas naquele que me fortalece.» (Filipenses 4:13). Não basta isto? Não admira que o apóstolo
exclame:
«Portanto, pode também salvar, perfeitamente, os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre
para interceder por eles.» (Hebreus 7:25).
Ele opera em nós
Esta maravilhosa verdade é afirmada mais uma vez, e em termos ainda mais expressivos:
«Ora o Deus de paz, que, pelo sangue do concerto eterno, tornou a trazer dos mortos o nosso Senhor
Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua
vontade, operando em vós o que perante ele é agradável, por Cristo Jesus, ao qual seja glória para
todo o sempre. Ámen.» (Hebreus 13:20-21).
Vemos assim o Cristo da expiação, por cujo sangue é feita a purificação dos pecados passados,
vindo habitar e operar nos Seus discípulos a ponto de os tornar «perfeitos em toda a boa obra». Isto
realiza-se por meio do Espírito Santo, o representante pessoal de Cristo na Terra.
Prezado leitor, tens-te muitas vezes queixado de que achas difícil ser bom e obedecer aos preceitos
de Deus? Tens certamente! Mas podes ir mais além, e dizer que te é impossível fazê-lo, e de facto
assim é. «Não há quem faça o bem, não há nem um só.» (Romanos 3:12). Mas Cristo habitando em
nós estabelece a diferença entre o êxito e o fracasso. Ele tem todo o poder no Céu e na Terra, e
oferece-vos esse poder para vencerdes as tendências fracas da vossa natureza e vos tornar poderosos
por Deus para fazer o que é recto.
As ordens tornam-se promessas
Com Cristo habitando no coração, as frias e austeras ordens da Sua lei transformam-se
imediatamente em promessas. A lei diz ao pecador: «Não farás, e ele está sob condenação. Ao
cristão diz: «Não farás e a dificuldade desaparece. Não se diz agora como ordem, mas como penhor
de que, em virtude de Jesus Cristo ter o seu domínio, o cristão não necessita de se preocupar com o
matar, roubar, cometer adultério, profanar o Sábado; porque Jesus, se o consentirmos, fará com que
todos esses pecados sejam vencidos na vida.
Era a isso que David se referia quando dizia: «Correrei pelo caminho dos teus mandamentos,
quando dilatares o meu coração.» «A ti invoquei; salva-me, e guardarei os teus testemunhos.»
(Salmos 119:32, 146).
Aqueles que têm a doce e permanente presença de Jesus no seu coração serão levados a declarar
com David: «Oh, quanto amo a tua lei; é a minha meditação em todo o dia.» (versículo 97). E se
permitirmos que Jesus nos dirija plena e completamente, teremos a grande alegria de ver o poder do
pecado dominado na nossa vida e todo o pensamento levado cativo à vontade de Cristo.
Não queres, pois, abrir de par em par a porta do coração e deixar que o teu Salvador entre? Não lhe
queres dizer que desejas que Ele viva na tua carne a Sua vida de perfeita obediência à lei moral de
Deus? Não quererás fazer isso, não apenas hoje, mas cada dia da tua vida? Se o quiseres, terás
diariamente a bem-aventurada experiência de vestir a veste da Sua justiça em vez de ficar nu e
envergonhado.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
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