Colecção “Verdades Eternas”.8
O SÁBADO E O DOMINGO DEPOIS DA
RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Foi o Sábado do sétimo dia reconhecido depois da cruz?
Ao lermos a Escritura Sagrada, descobrimos que o Sábado do Novo Testamento é o Sábado da
criação. Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estiver, ali estará, também, o meu servo. E, se
alguém me servir, meu Pai o honrará. A substituição do Sábado pelo Domingo, primeiro dia da
semana, não se apoia, como muitos supõem, na autoridade do Novo Testamento. Desde o evangelho
de S. Mateus até ao livro do Apocalipse não se encontra nenhum registo de tal mudança. O exemplo
e escritos de Cristo e dos apóstolos testificam que tal mudança jamais foi efectuada ou pretendida
por eles. Os que observam outro dia de repouso e de culto fazem-no sem qualquer base
escriturística e deixam de honrar o memorial do poder criador e redentor de Cristo.
Com efeito, Deus nunca muda. A Sua norma moral é sempre a mesma. A mudança dos séculos não
tem efeito na lei do Seu reino. Uma nova era nos negócios dos homens nesta Terra não é de
importância suficiente para garantir uma mudança das normas morais dos cidadãos do reino de
Deus. A primeira vinda de Cristo, a sua morte ou ressurreição não afectaram, de maneira alguma, o
repouso do Sábado que Cristo, como Criador, tinha estabelecido havia quatro mil anos.
A ressurreição foi considerada digna de um memorial que servisse constantemente para relembrar
aos homens esse maravilhoso acontecimento. A ordenança do baptismo foi escolhida para esse fim.
O verdadeiro baptismo é um autêntico sepultamento e ressurreição, e representa adequadamente o
sepultamento e ressurreição de Cristo. Mas, em parte alguma, Cristo ou qualquer apóstolo disse que
o primeiro dia da semana devia ser guardado em comemoração desses acontecimentos.
Deus não derruba um memorial sagrado da criação para depois levantar outro sobre ruínas. Ele não
comete erros, nem necessita de alterar os Seus planos. «Porque eu, o Senhor, não mudo.»
(Malaquias 3:6). N’Ele «não há mudança, nem sombra de variação.» (Tiago 1:17). Jesus Cristo é o
mesmo «ontem, hoje e eternamente.» (Hebreus 13:8).
O exemplo de S. Paulo
O livro de Actos tem muitas passagens mencionando o facto de que Paulo, o grande apóstolo dos
gentios, observava fielmente o Sábado. Notaremos brevemente algumas.
«E eles, saindo de Perge, chegaram a Antioquia, da Pisídia, e, entrando na sinagoga, num dia de
sábado, assentaram-se. E, depois da lição da lei e dos profetas, lhes mandaram dizer os principais da
sinagoga: Varões irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai.» (Actos 13:14-
15).
Este sermão foi pregado aos judeus na sinagoga; e, ao lermos os versículos quarenta e dois a
quarenta e quatro, vemos que os gentios pediram a Paulo que se encontrasse com eles no Sábado
seguinte.
«E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que, no sábado seguinte, lhes fossem ditas as
mesmas coisas. ... E, no sábado seguinte, ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de
Deus.»
O relato seguinte da observância do Sábado por Paulo encontra-se em Actos 16:12-13.
«E dali para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da Macedónia, e é uma colónia; e estivemos
alguns dias nesta cidade. E no dia de sábado, saímos fora das portas, para a beira do rio, onde
julgávamos ter lugar para oração; e, assentando-nos, falámos às mulheres que ali se juntaram.»
Outra narrativa interessante da atitude de Paulo para com o Sábado encontra-se em Actos17:1-2:
«E, passando por Anfípolis e Apolónia, chegaram a Tessalónica, onde havia uma sinagoga de
judeus. E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e, por três sábados, disputou com eles
sobre as Escrituras.»
Este texto mostra claramente que não era apenas por acaso que Paulo se encontrava com os que
adoravam a Deus no Sábado, mas era «seu costume». Com efeito, ele não conhecia outro Sábado.
Falando da sua experiência em Corinto, onde trabalhou no ano 54, vinte e três anos depois da cruz,
Lucas declara: «E todos os Sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos. ... E
ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.» (Actos 18:4, 11). Assim,
vinte e três anos depois da cruz, este apóstolo observava regularmente o Sábado original de Deus e
encorajava outros a fazerem o mesmo, juntando-se com eles no culto público desse dia. Tendo em
conta os dezoito meses que Paulo esteve em Corinto, facilmente deduzimos que ele passou ali
setenta e oito Sábados a ensinar na sinagoga judeus e gentios.
O sinal de Deus alterado pelos homens
Embora haja abundantes provas de que o Sábado do sétimo dia é o sinal do verdadeiro Deus e do
poder de Cristo, manifestado na criação, enfrentamos, em geral, outro dia de repouso. Por toda a
parte na Cristandade homens e mulheres repousam noutro dia que não foi santificado nem ordenado
por Jeová. Qual é a explicação? Apenas esta: Os homens tentaram alterar o sinal de Deus.
Mas a mudança do Sábado para o Domingo não foi feita por qualquer autoridade divina ou
escriturística. Deus não altera os Seus preceitos morais. Salomão afirma: «Eu sei que tudo quanto
Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz
Deus para que haja temor diante dele.» (Eclesiastes 3:14).
David, falando por Deus acerca de Cristo, diz: «Também, por isso, lhe darei o lugar de primogénito;
fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra. ... Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não
andarem nos meus juízos, se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus
mandamentos, então visitarei com vara a sua transgressão e a sua iniquidade com açoites. ... Não
quebrarei o meu concerto, não alterarei o que saiu dos meus lábios.» (Salmos 89:27, 30-34).
«É mais fácil», disse Jesus, «passar o Céu e a Terra do que cair um til da lei.» (Lucas 16:17).
Paulo corrobora estas afirmações declarando que a lei não é anulada pelo evangelho, mas antes
estabelecida. (Romanos 3:31). Um cuidadoso estudo de toda a Bíblia não revela o mínimo indício
de que Deus tenha jamais alterado qualquer dos Dez Mandamentos. Os homens, sem base bíblica,
conculcaram a lei do Altíssimo substituindo o Sábado pelo Domingo. A História mostra que a
mudança começou a ser feita, por alguns, durante os primeiros séculos depois de Cristo.
A mais antiga lei conhecida acerca da observância do Domingo foi feita pelo imperador romano
Constantino em 321, em que lemos:
«Todos os magistrados e todos os habitantes das cidades devem descansar, do mesmo modo que
todas as ocupações devem ser abandonadas, no venerável dia do Sol. Aqueles, porém, que habitam
nos campos, conceda-se plena liberdade para exercerem a lavoura, visto suceder muitas vezes não
haver dia mais apropriado para a sementeira dos cereais e plantio das vinhas; pois é de recear que,
não aproveitando os momentos mais propícios, se dê a perda dos benefícios que o Céu há por bem
conceder-nos. Dado no sétimo dia de Março, sendo cônsules, pela segunda vez, Crispo e
Constantino.
E a primeira lei eclesiástica que se conhece sobre o Domingo data do Concílio de Laodiceia, de
364: «Os cristãos não devem judaizar, nem estar ociosos no Sábado, mas devem trabalhar nesse dia.
Devem, porém, honrar o Domingo, e abster-se, tanto quanto possível, na sua qualidade de cristãos,
de trabalhar nesse dia. Se persistirem em judaizar, sejam anátemas em nome de Cristo.» (Canon 29).
Não é, pois, a Bíblia que contém qualquer preceito relativo ao Domingo. Nem Cristo, nem os
apóstolos observaram jamais o Domingo; a observância desse dia é de instituição humana.
A mudança não foi operada por um motivo cristão
A lei dominical do imperador Constantino não se baseou no ensino ou doutrina cristã, mas na
filosofia pagã com que ele estava mais familiarizado. Embora nominalmente convertido à fé cristã,
Constantino permaneceu realmente pagão no seu íntimo e durante o seu reinado contribuiu muito
para abaixar a religião cristã ao nível do ritualismo e dos ensinos pagãos.
Quando a sua famosa lei dominical foi promulgada, não chamou ao primeiro dia da semana
«Domingo», mas sim «Venerável Dia do Sol». Não estava defendendo uma instituição cristã mas
um costume pagão. O principal objectivo do seu édito era impor aos cristãos a festa pagã do
primeiro dia da semana, provocando assim uma fusão das duas religiões. Lançava assim o
fundamento da Babilónia espiritual, que havia de desenvolver-se pela confusão que resultaria da
mistura da verdade com o erro.
Diz um autor eclesiástico:
«Esta legislação de Constantino não tinha provavelmente qualquer relação com o Cristianismo.
Parece, pelo contrário, que o Imperador, na sua qualidade de Pontífice Máximo, estava apenas
acrescentando o dia do Sol, cuja adoração se estabelecera firmemente no Império Romano, aos
outros dias feriados do calendário sagrado.
E continua: «O que, porém, começou como cerimónia pagã acabou por ser um regulamento cristão;
e uma longa série de decretos imperiais, durante os séculos quarto, quinto e sexto, impunham como
obrigatoriedade, cada vez maior, a abstinência do trabalho no primeiro dia da semana.»
Declara outro escritor: «A retenção da velha designação pagã de «Dies Solis» para o dia de repouso
cristão semanal é, em grande medida, devida à união do sentimento pagão e cristão com que o
primeiro dia da semana foi recomendado por Constantino aos seus súbditos, tanto pagãos como
cristãos, como sendo o «Venerável Dia do Sol»... Era a maneira de harmonizar as religiões
discordantes do Império sob uma instituição comum.
A Sagrada Escritura adverte contra a mudança
Nas profecias apresentadas no livro de Daniel, Deus claramente indica que um altivo poder humano
procuraria mudar a Sua lei e também o Seu tempo santo.
Sob o símbolo de «uma ponta pequena», o anjo Gabriel explicou a Daniel que antes do tempo do
juízo um poder se levantaria no mundo, que se exaltaria contra o Deus do Céu e procuraria destruir
a verdade de Deus e do Seu povo.
«E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os
tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.»
(Daniel 7:25).
«Cuidará em mudar os tempos e a lei.» Isto refere-se, sem dúvida, à lei de Deus e ao tempo de
Deus. As suas palavras são proferidas contra o «Altíssimo». Foi o que sucedeu ao ser alterada a lei
de Deus e mudado o Sábado, que é um sinal do Seu poder.
O Sábado é o selo do Deus vivo, gravado no grande código moral dos Dez Mandamentos. Mostra
que Ele é o seu autor. Apresenta-O também como Criador e Senhor dos Céus e da Terra.
Nenhum golpe mais eficaz podia, portanto, ser dado no poder e autoridade de Deus do que arrancar
do Decálogo o selo do Sábado e substituí-lo por uma instituição de origem humana, que não pode
reclamar, com razão, qualquer santidade.
Isto seria mudar os tempos de Deus e a Sua lei.
O único tempo que Deus reclama especialmente como Seu é o Sábado. No quarto mandamento do
Decálogo, Ele declara: «O sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus.» (Êxodo 20:10). Em Isaías
chama-lhe «Meu santo dia.» (Isaías 58:13). Jesus apresentou-Se como «Senhor ... do Sábado.»
(Marcos 2:28). E o apóstolo João chama-lhe «Dia do Senhor.» (Apocalipse 1:10).
O Sábado é, pois, o tempo de Deus, e é o elo que o poder simbolizado pela ponta pequena tentaria
mudar.
Autores eclesiásticos, admitindo francamente que a Bíblia apenas reconhece o Sábado, pretendem
que a Igreja tenha o direito e o poder de mudar o verdadeiro Sábado de Deus para outro dia da
semana. Pretendem também que o facto de mudar o Sábado para o Domingo constitui um sinal do
seu poder e autoridade em assuntos religiosos.
Assim, pela mudança do Sábado, o grande selo ou sinal de Jeová na lei de Deus foi substituído pelo
sinal ou marca de um poder terrestre.
A lei de Deus é imutável
Assim se cumpriu a palavra profética de Deus: levantou-se um poder humano e pensou ou cuidou
em mudar o tempo de Deus – o Seu santo Sábado – e a Sua lei.
Mas na realidade não houve mudança. Nem o próprio Deus pode alterar os grandes princípios
morais da Sua lei eterna. Essa lei é o fundamento do Seu reino. Constitui a base do Seu governo
moral, e não pode ser alterada da mesma maneira que o próprio Deus não pode deixar de existir.
Nem um jota ou um til será jamais mudado. É tão eterna como o trono de Deus. Constituirá o
padrão do juízo final, e quando os homens estiverem perante o grande trono branco, será a sua
relação para com Cristo e a grande lei que determinará o seu destino. Ao serem chamados perante o
grande tribunal dos Céus e aí tiverem de enfrentar a lei do reino de Deus, ela se conservará
imutável. Cada palavra será exactamente como era ao sair dos lábios de Jeová no Sinai. O quarto
mandamento declarará ainda: «O sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma
obra.»
Não deixaremos então a prática e a doutrina da observância do Domingo, que não tem qualquer
base escriturística, e não seguiremos a Bíblia, Jesus e os apóstolos na observância do verdadeiro
Sábado, o sétimo dia da semana?
A grande pergunta é: Que diz a Bíblia? Se a Bíblia não é um guia seguro, então estamos todos
perdidos. Não há outra âncora para a alma. Não há outro fundamento para a fé. Nesse velho Livro,
que tem resistido às tempestades dos séculos nos firmamos.
«Porque, assim diz o Senhor, a respeito dos eunucos, que guardam os meus sábados, e escolhem aquilo que
me agrada, e abraçam o meu concerto: Também lhes darei, na minha casa e dentro dos meus muros, um lugar
e um nome, melhor do que o de filhos e filhas: um nome eterno darei, a cada um deles, que nunca se apagará.
E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor,
sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o
meu concerto. Também os levarei ao meu santo monte, e os festejarei na minha casa de oração; os seus
holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de
oração, para todos os povos.» (Isaías 56:4-7).
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
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