Colecção “Verdades Eternas”.7
O SÁBADO CRISTÃO
O Sábado é o sinal entre Deus e o Seu povo. Constitui a marca de distinção pela qual os homens e
mulheres mostram fidelidade ao Criador e indicam ao mundo que Ele é o seu Deus.
Quando Cristo, actuando como agente do Pai, completou a obra da criação original, não deixou o
mundo sem um memorial adequado desse poderoso acontecimento. Instituiu o Sábado semanal
como lembrança perpétua do facto de que Ele foi o autor de todas as coisas.
Lemos: «Assim os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado,
no dia sétimo, a sua obra que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha
feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que
Deus criara e fizera.» (Génesis 2:1-3).
Dois mil e quinhentos anos depois, quando, no monte Sinai, foi declarada aos homens a eterna lei
de Deus, Ele impôs-lhes, definidamente, o dever da observância do Sábado, apresentando como
razão o facto de que em seis dias fez o céu e a terra e o mar e tudo o que neles há e ao sétimo dia
descansou. Notemos cuidadosamente as Suas solenes palavras:
«Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o
sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua
filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das
tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao
sétimo dia descansou: portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.» (Êxodo 20:8-
11).
O Sábado semanal foi, pois, dado para comemorar a Criação. Tornou-se o sinal do poder do grande
Criador. Devia sempre distingui-l’O dos falsos deuses das nações.
Na profecia de Ezequiel, Ele declara: «Eu sou o Senhor, vosso Deus; andai nos meus estatutos, e
guardai os meus juízos, e executai-os. E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre mim e
vós, para que saibais que eu sou o Senhor, vosso Deus.» (Ezequiel 20:19-20).
Sinal do poder de Jesus
Visto que o Sábado foi dado como sinal da obra de Deus na criação, torna-se também um sinal do
poder de Jesus Cristo nosso Salvador. Porque foi Jesus quem criou os céus e a terra. Este facto é
claramente apresentado nas palavras do apóstolo Paulo na sua carta aos Colossenses:
«O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; em
quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; o qual é a imagem do
Deus invisível, o primogénito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há,
nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades: tudo foi criado por ele e para ele; e ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas
subsistem por ele.» (Colossenses 1:13-17).
Na sua epístola aos Hebreus, o apóstolo Paulo repete a sua declaração de que Cristo é o Criador do
Mundo:
«Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a
nós, falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez,
também, o mundo ... Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos,
ceptro de equidade é o ceptro do teu reino. Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso
Deus, o teu Deus te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros. E tu, Senhor, no
princípio fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos.» (Hebreus 1:1-2, 8-10).
O discípulo João declara: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do
que foi feito se fez. ... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a
glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.» (João 1:1-3, 14).
Vemos, pois, que Jesus de Nazaré, Aquele que Se fez carne e habitou entre nós, Aquele por cujo
sangue temos a redenção do pecado, é Aquele que, no começo, criou todas as coisas. Ele fez os céus
e a terra. Quando Deus disse: «Façamos o homem à nossa imagem» (Génesis 1:26), estava a falar
ao Seu Filho; e o Filho executou os desejos do Seu Pai. Ele foi o agente activo do Pai. Foi Mediador
entre Deus e todas as Suas obras, foi o Filho de Deus que «falou e tudo se fez»; que «mandou e logo
tudo apareceu.» (Salmos 33:9). Foi pela Sua palavra que os céus foram feitos «e todo o exército
deles pelo espírito da sua boca.» (Versículo 6). Ele é o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim.» «Ele é
antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem por ele.» (Colossenses 1:17).
A que conclusão somos então levados? Não pode haver senão uma resposta: Visto que Jesus, Filho
de Deus e Salvador do homem, foi o Criador, o Sábado é o sinal de Cristo. Foi Ele que o deu
ao homem, para que pudesse tê-lo como recordação constante de que Jesus, que empreendeu
a salvação e a santificação do homem, foi o Autor da Criação original. O Sábado é, portanto,
cristão. Por isso Jesus podia dizer: «O Filho do homem até do Sábado é Senhor.» (Marcos 2:28).
O selo de Deus
A Escritura refere-se ao Sábado como sendo também o «selo do Deus vivo». Isso é devido ao facto
de que só o mandamento do Sábado, em todo o Decálogo, revela o nome, autoridade e reino do
Autor da lei. Este mandamento revela o facto de que o Legislador é «Senhor Deus», o Criador dos
céus e da terra, do mar e de tudo que neles há (Êxodo 20:10-11). Isto é uma prova absoluta de que a
lei não emanou de qualquer dos deuses dos pagãos, mas é o produto da mente do Criador. Este
mandamento autentica toda a lei com a Sua assinatura. Sela-a como genuína.
Este grande selo de Deus deve ser impresso nas mentes e corações dos seguidores de Cristo e deve
constituir um sinal de lealdade ao Seu reino. De uma das visões dadas a João acerca dos remidos,
declara:
«E, depois destas coisas, vi quatro anjos, que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os
quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra
árvore alguma. E vi outro anjo que subiu da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo;
e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar,
dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos assinalado, nas suas
testas, os servos do nosso Deus.» (Apocalipse 7:1-3).
Este selo de Deus assinalará para o Céu os seguidores de Cristo.
Revela que Ele é o Senhor e Salvador, que eles Lhe pertencem, e que foram salvos pela Sua graça.
O Sábado não é uma sombra
Pretendem alguns que o Sábado semanal era apenas um dos tipos e sombra da dispensação mosaica,
e que embora os outros nove mandamentos tenham permanecido em vigor depois da cruz, este
mandamento desapareceu. Esta maneira de pensar parece baseada na seguinte afirmação do
apóstolo Paulo, em Colossenses 2:14-17: «Havendo riscado a cédula que era contra nós, nas suas
ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na
cruz. ... Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou
da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.»
Mas o Sábado semanal do sétimo dia não era uma sombra. As sombras do Velho Testamento
eram ordenanças que tinham que ver com as ofertas e sacrifícios relativos aos serviços do santuário,
todas elas tipificando a morte do Filho de Deus na cruz pelos pecados dos homens. Era uma
maneira pela qual o povo de Deus podia exprimir a sua fé num Salvador vindouro, assim como pelo
baptismo e a santa ceia exprimimos hoje a nossa fé num Salvador que já veio.
Na verdade, há sábados que são apresentados como sombras. Na lei cerimonial, que regia os
sacrifícios, havia diversos sábados anuais. Nesses sábados eram oferecidos sacrifícios especiais. De
um dos sábados anuais lemos: «E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do
mês, afligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que
peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereis
purificados de todos os vossos pecados, perante o Senhor.
É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas: isto é estatuto perpétuo» (Levítico
16:29-31).
Este dia de expiação, como todos os outros sábados anuais ordenados na lei de Moisés, celebrava-se
apenas uma vez cada ano. Eram, sem dúvida, «sombras das coisas futuras», porque eram dias em
que se ofereciam sacrifícios que apontavam para a morte de Cristo. Na Sua morte, cessariam
naturalmente, como todas as outras sombras. É, pois, a isso que se refere o apóstolo Paulo, quando
diz: «Ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova,
ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.» (Colossenses
2:16-17).
Mas o Sábado semanal do sétimo dia pertence inteiramente a outro código. O mandamento que o
ordena nada diz acerca da oferta de sacrifícios. Não aponta para a frente, mas sim para trás. É um
memorial. Não é uma sombra. O mandamento que ordena a sua observância é estabelecido como
memorial eterno de um grande acontecimento do passado. Esse acontecimento foi a criação do
mundo em seis dias pelo Deus do Céu. (Êxodo 20:11; Génesis 2:1, 3). Era destinado a levantar para
sempre uma barreira contra a adoração de outros deuses e contra teorias como a da evolução.
Assim como o baptismo é um memorial da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, assim o
Sábado é um memorial do facto de que Cristo é o Criador do mundo; que a Terra não veio à
existência por acaso, como muitos ensinadores religiosos hoje crêem. É obra das mãos de Deus.
O Sábado antes do pecado
O sistema sacrifical foi instituído depois de o pecado ter entrado no mundo, e, apontando para o
Cordeiro de Deus, que verdadeiramente levou sobre Si o pecado, devia servir de meio para evitar a
pena do pecado. O Sábado, pelo contrário, foi instituído antes de o pecado ter entrado no mundo e,
portanto, não foi criado por causa do pecado. A lei cerimonial, em que estavam incluídos aqueles
sábados, que serviam de sombras, «foi ordenada por causa das transgressões», e somente «até que
viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita» (Gálatas 3:19). Mas o Sábado semanal foi
instituído antes da transgressão e deve permanecer por todo o tempo, até à Nova Terra, ao lar eterno
dos remidos. (Isaías 66:22-23; cfr. Êxodo 31:13-18).
Logo os sábados cerimoniais foram dados «além dos Sábados do Senhor.» (Levítico 23:38).
Sinal do poder de Cristo para salvar
O plano da salvação está baseado no princípio da recriação. Quando os corações e vidas são
manchados e corrompidos pelo pecado, não podem ser remodelados ou melhorados – têm de ser
refeitos. Tem de haver um novo coração e uma nova vida. O velho homem tem de morrer, e um
novo homem de tomar posse do corpo. Ora para restaurar a imagem de Deus no homem caído é
necessário o mesmo poder que no começo criou o homem à Sua imagem. É necessário o poder
criador. Este é o motivo por que um anjo não podia salvar o homem. Só o Criador podia recriar e
restituir ao homem a sua condição original de inocência e pureza.
Que confiança no plano da Redenção este facto inspira. Aquele que se tornou o Redentor do
pecador foi o Criador do mundo.
Mas qual é o sinal do poder de Cristo na nova criação? É o mesmo da criação original. É o repouso
do Sábado semanal do sétimo dia. Este não é apenas um memorial da criação literal, mas é também
o sinal ou penhor do poder de Cristo na criação espiritual. Ouvi, pois, as palavras de Jesus, ditas
através do Seu profeta, ao apresentar definidamente o Sábado como sinal de que Ele é
absolutamente capaz de realizar a redenção do mundo.
«E também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles: para que
soubessem que eu sou o Senhor que os santifica. ... E santificai os meus sábados, e servirão de sinal
entre mim e vós, para que saibais que eu sou o Senhor, vosso Deus.» (Ezequiel 20:12, 20).
Jesus guardou o Sábado
Quando Jesus esteve na Terra, reconheceu a obrigação da observância do Sábado que Ele tinha
dado; e guardou-o sagradamente, dando assim exemplo aos homens. Honrou-o como dia de culto
público. Encontrava-se com o povo nesse dia nas suas casas de culto e ali ensinava os princípios do
Evangelho. «E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu
costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.» (Lucas 4:16).
Não foi por um simples acaso que Cristo, nesse Sábado particular, foi à casa de culto; porque era «o
seu costume». Ele era observador do Sábado. Tinha o hábito de ir à casa de oração nesse dia.
Ao predizer, mais tarde, a ruína de Jerusalém, pelos exércitos romanos, ao advertir o Seu povo para
que fugisse da cidade ameaçada, acrescentou: «E orai para que a vossa fuga não aconteça no
Inverno, nem no Sábado.» (Mateus 24:20). Uns quarenta anos depois, Jerusalém seria tomada pelos
romanos. É evidente, portanto, que Jesus reconhecia a santidade do Sábado e que essa santidade não
seria diminuída depois da Sua morte, ressurreição e ascensão.
Por altura do Seu sepultamento, vemos qual era a prática dos que mais de perto conviveram com o
Mestre, constituindo isso um argumento em favor da observância do Sábado por Cristo: «No
Sábado repousaram, conforme o mandamento.» (Lucas 23:56).
Com efeito, nunca foi reconhecida por Cristo ou pelos Seus discípulos qualquer mudança do
Sábado. Sempre observaram o sétimo dia original.
Seguindo a Jesus
«Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estiver, ali estará, também, o meu servo.» (João 12:26).
Prezado leitor, queres tu hoje tomar a tua cruz e seguir a Cristo? Queres levar o Seu sinal ou selo e
testemunhar assim, perante o mundo, que és Seu filho?
Jesus deixou-nos o exemplo, para que sigamos as Suas pisadas. Isso aplica-se à observância do
Sábado, assim como aos outros aspectos da vida religiosa. Jesus foi um observador do Sábado.
Nunca diminuiu a santidade do Sábado nem transferiu para outro dia o seu carácter sagrado. Para
Ele há um só Sábado.
Reverenciemos, pois, este sinal do Seu poder e honremo-l’O santificando o Sábado para o Senhor. Sigamo-
l’O.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
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