Colecção “Verdades Eternas”.9
A RESSURREIÇÃO ÚNICA ESPERANÇA DE VIDA
APÓS A MORTE
O dom da imortalidade e da vida eterna que Deus prometeu aos Seus filhos é o Seu mais precioso
dom ao homem. Foi para tornar possível a consecução desse dom que Cristo subiu ao Calvário. Ele
morreu para que possamos viver. Pelas Suas pisaduras fomos curados da doença do pecado e
libertados da sentença de morte eterna. Recebemos um dom de vida intimamente ligada com a vida
de Deus.
«Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo
Jesus, nosso Senhor.» (Romanos 6:23).
Esta vida é transitória
Por toda a parte se ouve a voz de choro pelos mortos. A morte e a ruína estão constantemente em
evidência. As próprias coisas da natureza estão debaixo da sentença de morte. Para onde quer que
nos voltemos são visíveis os resultados da maldição. Não há uma família que não tenha uma cadeira
vazia, não há um coração que não tenha sofrido a angústia do apartamento de um ente querido.
Gerações inteiras dos nossos antepassados desceram já à tumba silenciosa e inumeráveis milhões
dormem o sono da morte.
«Porque os vivos sabem que hão-de morrer.» (Eclesiastes 9:5). A morte tornou-se o quinhão de toda
a humanidade, porque ela é a herança natural do pecado.
Estes factos sombrios têm oprimido de tal maneira o pensamento do homem que se torna quase
impossível persuadi-lo a olhar com esperança para uma grande eternidade no além. No entanto, o
propósito do evangelho consiste em pô-lo ao alcance do homem. Foi para isso que Deus deu o Seu
Filho Unigénito. Foi para isso que Jesus condescendeu em morrer.
No livro de Job é feita a cadente pergunta: «Morrendo o homem, porventura tornará a viver?» (Job
14:14). Toda a Bíblia está cheia da resposta afirmativa. Sim, os mortos viverão de novo e os que
aceitaram a Jesus Cristo como seu Salvador herdarão a vida eterna. Isto é tão certo como o facto de
que Deus vive, porque Ele garantiu que assim seria.
«Porque Deus amou o mundo, de tal maneira, que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.» (João 3:16).
«E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.» (I João 2:25).
«E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Quem tem o
Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, para que
saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.» (I João 5:11-13).
Os impenitentes morrem duas vezes
Os impenitentes morrem duas vezes. A primeira morte, que é a sorte comum de todos os homens, é
temporária; a segunda morte, que será experimentada apenas pelos ímpios, será eterna. O
Evangelho de Cristo não salva os homens da primeira morte, mas promete que o justo «não
receberá o dano da segunda morte», porque sobre ele, ela «não tem poder». (Ver Apocalipse 3:11;
20:6).
A primeira morte
A primeira morte não é um estado de consciência em que o espírito ou alma fica separado do corpo
e continua a viver. Pelo contrário, uma cessação transitória e real da vida É comparada na Bíblia,
tanto por Jesus como por Paulo, a um sono inconsciente. Jesus disse aos Seus discípulos:
«Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.
Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Mas Jesus dizia isto da sua
morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono. Então Jesus disse-lhes claramente:
Lázaro está morto.» (João 11:11-14).
Paulo declara acerca dos mortos justos que eles «dormiram» em Cristo. (I Coríntios 15:18).
Segundo o apóstolo João, estão apenas a descansar dos seus trabalhos. Estão inteiramente
inconscientes do que se passa no mundo, que deixaram atrás de si, porque os seus pensamentos
pereceram e nada sabem. (Salmos 6:5; 146:3-5; Eclesiastes 9:5-6). Os mortos dormem
pacificamente como se repousassem. Torna-se despercebida para eles a passagem do tempo. O
tempo decorrido no sono da morte não parece mais longo para os que aguardam mil anos na
sepultura do que para os últimos a morrer. Desde o tempo em que os homens depõem os seus fardos
e adormecem atá à hora em que o Filho de Deus os chame de novo para a vida, parecerá para eles
como que apenas um instante – como um abrir e fechar de olhos.
O homem não é imortal
Por natureza o homem não possui a imortalidade. Ele é mortal, o que significa sujeito à morte e
ruína. Isso encontra-se claramente estabelecido em Job, capítulo 14.
A palavra «mortal» ocorre apenas uma vez na Bíblia e nessa altura é aplicada a Deus. (Ver I
Timóteo 1:17).
A palavra «imortalidade» ocorre cinco vezes, mas nunca é aplicada ao homem no seu estado
natural. Pelo contrário, lemos que Deus tem «Ele só, a imortalidade.» (Ver I Timóteo 6:15-16). O
homem é aconselhado a «procurar» esse inapreciável dom. Assim, o apóstolo declara que Deus
«recompensará cada um segundo as suas obras, a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em
fazer o bem, procuram glória, e honra e imortalidade (grego).» (Romanos 2:6-7). O único meio de
o homem poder receber a imortalidade é procurá-la, tornando-se assim evidente que não a possui
por natureza. Se jamais a houver de possuir, tem de adquiri-la; e como a imortalidade é um atributo
de Deus, só pode ser adquirida pelo homem como dom d’Aquele que a possui. É por isso que Paulo
declara que «o dom de Deus é a vida eterna por nosso Senhor Jesus Cristo.»
A árvore da vida
Quando o homem foi posto no Éden, Deus deu-lhe acesso à árvore da vida, que devia perpetuar a
sua vida, enquanto ele comesse dos seus frutos. Se o homem nunca tivesse pecado (perdendo assim
o direito a essa árvore mantenedora da vida) teria vivido para sempre. Mas é aqui que intervém a
suprema tragédia da raça humana. O homem pecou e como consequência o Senhor expulsou-o do
jardim do Éden para cultivar a terra de que tinha sido tomado.
«O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E
havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada
inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.» (Génesis 3:23-24).
Por que foi o homem lançado do Éden? A resposta é simples: «Então disse o Senhor Deus: Eis que
o homem é como um de Nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e
tome, também, da árvore da vida, e coma e viva eternamente: O Senhor Deus, pois, o lançou fora.»
(Génesis 3:22-23).
A sua expulsão do Paraíso tinha como objectivo privá-lo do acesso à árvore da vida – impedindo-o
assim de viver para sempre. Apartado da árvore da vida, o homem tornou-se sujeito à doença e à
ruína. Tornou-se mortal. Os querubins continuaram a guardar as portas do Paraíso e o homem
continuou a morrer. A espada inflamada guardava a entrada.
Os mortos ressuscitarão
O homem nunca receberá o pleno dom da imortalidade e da vida eterna sem que lhe seja aberto de
novo o caminho para voltar ao seu lar edénico. Uma vez que de novo ele ganhe acesso à árvore da
vida, comerá e viverá para sempre. Essa experiência não vem ao homem na morte, mas virá no
glorioso futuro, quando os mortos ressuscitarem.
«Porque, se os mortos não ressuscitam», declara o apóstolo Paulo, «também Cristo não ressuscitou;
e, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados; e, também, os
que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais
miseráveis de todos os homens. Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias
dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos
mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim, também, todos
serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de
Cristo, na sua vinda.
Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a
trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque
convém que isto, que é corruptível, se revista da incorruptibilidade, e que isto, que é mortal, se
revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que
é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a
morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno (sepultura), a tua
vitória?» ( I Coríntios 15:16-23, 51-55).
A isto deve acrescentar-se também a promessa de Jesus:
«Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do
Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. ... Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que
todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a
ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.» (João 5:25, 28-
29).
Haverá ainda uma ressurreição dos mortos e é nesse facto que o filho de Deus encontra esperança. A
morte não é o fim de tudo. Há vida – vida gloriosa e imortal – no futuro. Essa constitui «a bem-
aventurada esperança» do cristão.
Embora nesta vida o homem tenha de experimentar salvação do pecado e do seu poder, a obra de
salvar os homens não se completou deste lado da sepultura. Há uma salvação futura. A primeira é
gloriosa, mas a segunda excede-se em glória.
Aqui, como cristãos, somos salvos da culpa e pena do pecado, mas estamos ainda rodeados pelos
deletérios miasmas deste mundo corrupto. Continuamos a sofrer decepções e tristezas da mesma
maneira que os não cristãos. Por vezes a sorte do cristão é mais dura ainda do que a do declarado
pecador, porém além dos sofrimentos que são quinhão de todos os homens nesta vida, ele tem de
suportar o opróbrio, cruéis escárnios e amargas perseguições dos inimigos de Cristo. Alguns têm
mesmo de sacrificar a própria vida pela causa de Cristo e do Evangelho.
Glória futura
Se Deus não tivesse nada de melhor em perspectiva para os Seus filhos do que guardá-los apenas de
pecar num mundo ímpio em que têm de continuar a sofrer tanto física como mentalmente, Ele
envergonhar-se-ia de ser chamado seu Deus. Mas esta esperança de salvação presente é apenas um
prelúdio do que há-de seguir-se. Há uma grandiosa salvação futura; e esta será plena e completa; de
certo que os que a experimentarem não ficarão apenas eternamente livres do pecdo e tentação; mas
também da sua influência e ambiente.
«Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior,
contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz, para nós,
um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se
não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.» (II Coríntios
4:16-18).
Esta glória futura não vem com a morte, mas na altura da ressurreição dos mortos, com a segunda
vinda de Jesus. A morte não é porta de entrada no Céu. A morte é um sono pacífico e inconsciente e
não a transição de uma forma de vida para outra. Morrer não significa ir para o Céu, para o inferno,
ou para o purgatório. Significa uma cessação de vida.
«Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio.» E ainda: «Porque na morte não
há lembrança de ti; no sepulcro, quem te louvará?» (Salmos 115:17; 6:5).
Torna-se assim evidente que o cristão não pode olhar para a morte como fruição das suas
esperanças. A morte é um inimigo – o último inimigo que Deus destruirá. Não é, como alguns têm
pensado, um amigo que nos abre as portas do Paraíso. Não, devemos olhar para além da sepultura
para a nossa situação futura e – graças a Deus – as nossas esperanças não serão decepcionadas.
Os mortos viverão de novo
Sim, os mortos em Cristo hão-de viver de novo. Os que foram arrebatados pela mão cruel da morte
deixaram de existir temporariamente. Na verdade, estão repousando hoje debaixo da terra em sono
inconsciente. Foram arrebatados cruelmente pelo arqui-inimigo do homem, mas a sepultura não os
reterá para sempre. A voz do Doador da vida ouvir-se-á na Terra e desfará as portas das sepulturas.
Aquele que no começo fez o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida (o
espírito), tornando-o «alma vivente», exercitará o Seu grande poder criador uma vez mais e
libertará o Seu povo da morte, da sepultura.
« Assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair das vossas
sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.» «Eis que farei entrar em vós o espírito, e
vivereis. E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e
porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor.» (Ezequiel 37:12, 5-6).
Seremos transformados
A vida após a ressurreição será infinitamente diferente da que é agora. Os salvos não estarão mais
sujeitos à doença, ao sofrimento e à morte. Não sofrerão mais perseguições às mãos dos seus
inimigos. Não serão mais sujeitos à tentação e ao pecado com todas as suas tristes consequências.
Sobre tudo isso, eles são «mais do que vencedores por aquele que nos amou.» (Romanos 8:37). As
coisas velhas terão passado por completo. Tudo será feito de novo.
«Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia,
ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor.» (I Coríntios 15:42-43).
Depois da morte não há tempo de prova
Os que se tenham tornado filhos de Deus aqui, serão herdeiros do Seu reino depois. (Ver Romanos
8:16-19). Mas não haverá tempo de prova para além da sepultura. O plano da redenção limita-se
estritamente a esta vida. Para os que aqui e agora rejeitam a oferta da misericórdia e graça salvadora
de Deus, não há esperança. Estão perdidos, irremediavelmente perdidos; têm de sofrer o destino dos
ímpios, que é a morte eterna depois de destruídos no lago de fogo. Cristo não morrerá por eles outra
vez, nem estenderá o seu tempo de prova.
«Amados, agora somos filhos de Deus», declara o apóstolo João. Pelo novo nascimento tornamo-
nos membros da família de Deus e aqui e agora somos reconhecidos como Seus filhos. Esta é a
nossa única esperança do Céu. Continuar numa condição perdida e irregenerada até que Jesus venha
ou até à morte, esperando ser aceitos por Ele, apesar dos nossos pecados, é fatal. Se ofendermos o
Seu Espírito aqui, não teremos parte com Ele depois.
Queremos nós ser salvos? Se quisermos, sê-lo-emos; porque Deus apenas aguarda a nossa decisão. Se
recebermos hoje a Cristo e O aceitarmos como nosso Salvador pessoal, ser-nos-á dado «poder para sermos
feitos filhos de Deus.» (João 1:12); e tornando-nos filhos de Deus tornar-nos-emos também herdeiros das
Suas riquezas e glória. Teremos a vida eterna, se nos apropriarmos dela. Em Seu grande amor, Deus assim o
determinou. Entreguemo-nos hoje a Ele a fim de nos salvarmos!
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