segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

 Colecção “VERDADES ETERNAS”.4
COMO OBTER O PERDÃO DOS PECADOS

Como pode alguém ser justo diante de Deus? Como pode o pecador ser puro? É unicamente por
meio de Cristo que podemos ser postos em harmonia com Deus, chegar à santidade; mas como
devemos chegar a Cristo? São muitos os que, como a multidão convencida de pecado, no dia de
Pentecostes, exclamam: “Que faremos?”.
Arrependimento
A primeira palavra de Pedro, em resposta a essa pergunta, foi: «Arrependei-vos.» (Actos 2:38).
Noutra ocasião, pouco depois, dizia: «Arrependei-vos... e convertei-vos, para que sejam apagados
os vossos pecados.»
O arrependimento compreende a dor de ter cometido o pecado e o abandono do mesmo. Não
renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua culpabilidade; enquanto dele não nos
afastarmos sinceramente, não haverá em nós uma mudança real de vida.
Muitos há que não compreendem a verdadeira natureza do arrependimento. Multidões de pessoas
entristecem-se pelos seus pecados, efectuando mesmo exteriormente uma reforma, porque temem as
consequências das suas más acções. Mas não é este o arrependimento no sentido bíblico do termo. É
temer o sofrimento mais do que o próprio pecado.
Quando o coração cede à influência do Espírito de Deus, a consciência desperta e o pecador começa
a entrever a profundidade e a santidade da lei de Deus, lei que é a base do Seu governo no Céu e na
Tera. A «luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo» (João 1:9), ilumina
também os secretos recônditos da alma e põe em evidência as coisas ocultas nas trevas. A convicção
do pecado apodera-se do espírito e do coração. O pecador tem então o sentimento da justiça de
Jeová e experimenta horror ante a ideia de aparecer, na sua culpa e impureza, perante Aquele que
sonda os corações. Vê o amor de Deus, a beleza da santidade, a alegria da pureza; anseia por ser
purificado e reintegrado na comunhão com o Céu.
Tal conversão, não está no poder do homem realizá-la; só é obtida por meio de Cristo, que subiu ao
alto e deu dons aos homens.
Exactamente aqui está o ponto em que muitos erram, sendo por isso privados de receber o auxílio
que Cristo lhes deseja conceder. Pensam que não podem chegar a Cristo sem se arrepender, e que é
o arrependimento que os prepara para o perdão dos seus pecados. É certo que o arrependimento
precede o perdão dos pecados, pois o coração quebrantado e contrito é que sente a necessidade de
um Salvador. Mas terá o pecador de esperar até que se tenha arrependido, antes de poder achegar-se
a Jesus? A necessidade do arrependimento deverá ser erguida como um obstáculo entre o pecador e
o Salvador?
A Bíblia não ensina que o pecador tenha de arrepender-se antes de poder acudir ao convite de
Cristo: «Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.» (Mateus 11:28).
É a virtude que emana de Cristo que conduz ao genuíno arrependimento. Pedro elucidou este ponto
quando declarou aos israelitas: «Deus com a sua dextra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a
Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.» (Actos 5:31). Assim como não podemos
alcançar perdão sem Cristo, assim também não podemos arrepender-nos sem que o Espírito de
Cristo nos desperte a consciência. Cristo é a fonte de todo o bom impulso. Só Ele é capaz de

implantar no nosso coração o horror ao pecado. Toda a inspiração para a verdade e a pureza, toda a
convicção do nosso pecado, é uma evidência de que o Seu Espírito está operando no nosso coração.
Cristo atrai o pecador, levando-o a olhar para a cruz, para contemplar Aquele que os seus pecados
ali cravaram. Os mandamentos de Deus falam à sua alma. Toma consciência da pecaminosidade da
sua vida; compreende que o pecado lançou profundas raízes no seu coração. Começa a entrever a
justiça de Cristo, e exclama: «Qual não é a malícia do pecado, que exigiu tal preço para a redenção
das suas vítimas? Todo esse amor, todos esses sofrimentos, toda essa humilhação, seriam
necessários para que não perecêssemos, mas tivéssemos e vida eterna?»
O pecador pode resistir a esse amor; pode recusar deixar-se atrair para Cristo. Se, porém, não se
opuser, será atraído. O conhecimento do plano da salvação levá-lo-á ao pé da cruz, arrependido dos
seus pecados, que causaram os sofrimentos do amado Filho de Deus.
Se virdes o vosso estado de pecado, não espereis até que vos tenhais melhorado. Quantos há que
julgam não serem suficientemente bons para ir a Cristo! Tendes esperança de vos tornar melhores
por vossos próprios esforços? «Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?
Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.» (Jeremias 13:23). Só
em Deus é que há socorro para nós. Não esperemos que a convicção se torne mais forte, ou que a
oportunidade seja mais favorável, ou que tenhamos um temperamento mais santo. De nós mesmos
nada podemos fazer. Temos de ir a Cristo exactamente como nos encontramos.
Cristo está pronto para nos libertar do pecado, mas não força a vontade; e se pela persistente
transgressão a própria vontade estiver inteiramente inclinada ao mal, e não desejarmos ser
libertados, não querendo aceitar a Sua graça, que mais poderá Ele fazer? Nós mesmos nos
condenamos, pela nossa obstinada rejeição do Seu amor. «Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui
agora o dia da salvação.» «Se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações.» (II Coríntios
6:2; Hebreus 3:7-8).
Confissão
«O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará
misericórdia.» (Provérbios 28:13).
As condições para obter misericórdia de Deus são simples, justas e razoáveis. O Senhor não requer
de nós actos penosos em troca do perdão dos pecados. Não precisamos de empreender longas e
duras peregrinações, nem de nos submeter a mortificações para ganhar a simpatia de Deus, do Céu
ou para expiar as nossas transgressões; mas o que confessa e deixa os seus pecados alcançará
misericórdia.
«Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis.» (Tiago 5:16). O
apóstolo está a dizer para confessarmos os nossos pecados a Deus, que é o único que os pode
perdoar e as nossas faltas uns aos outros. Se ofendestes o vosso amigo ou vizinho, deveis
reconhecer a vossa culpa e é seu dever perdoar-vos plenamente. Deveis buscar em seguida o perdão
de Deus, porque o próximo a quem feristes é propriedade de Deus e ofendendo-o pecastes contra o
seu Criador e Redentor. O caso é então levado perante o único Mediador verdadeiro, o nosso grande
Sumo-sacerdote, que «como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado», e que se compadece «das
nossas fraquezas» (Hebreus 4:15), sendo apto para nos purificar de toda a iniquidade.
Os que ainda não se humilharam perante Deus, reconhecendo a sua culpa, não cumpriram a
primeira condição da reconciliação. Se não experimentámos ainda aquela tristeza sem a qual jamais
nos arrependemos e não confessámos os pecados, com um coração contrito e cheio de horror ao

pensamento das nossas iniquidades, nunca procurámos verdadeiramente o perdão dos pecados; e se
nunca buscámos a paz de Deus, nunca a encontrámos. O único motivo por que não temos o perdão
das nossas faltas passadas é porque não estamos dispostos a humilhar o nosso coração e cumprir as
condições apresentadas pela palavra da verdade. A confissão dos pecados, quer pública quer
particular, deve sair do coração, expressa francamente. Deve ser feita sem expressão exterior. Não
deve ser feita com um ar negligente ou ligeiro, nem imposta a pessoas que não conhecem o
abominável carácter do pecado. A confissão que brota espontaneamente do íntimo da alma encontra
a compaixão nestes termos: «Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os
contritos de espírito.» (Salmos 34:18).
A confissão verdadeira tem sempre carácter específico e faz distinção de pecados. Há pecados de
natureza delicada que não devem ser apresentados senão a Deus; há os que devem ser confessados
aos indivíduos a quem dizem respeito; e há faltas públicas que exigem uma confissão pública. Toda
a confissão, porém, deve ser definida e sem rodeios, reconhecendo justamente os pecados de que
somos culpados.
A confissão não será aceitável a Deus se não for acompanhada por um sincero arrependimento e por
uma reforma. É preciso que se opere uma mudança radical na vida; é preciso que tudo o que não é
agradável a Deus seja posto de lado. Esta é a consequência da dor real do pecado. A obra que nos
incumbe fazer é-nos claramente apresentada: «Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade dos vossos
actos de diante dos meus olhos: cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; praticai o que é recto;
ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.» (Isaías 1:16-17). «Restituindo
esse ímpio o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida e não praticando iniquidade,
certamente viverá, não morrerá.» (Ezequiel 33:15).
Os exemplos de confissão verdadeira que fornece a Bíblia não contêm uma única palavra que tenda
a escusar ou a tolerar o pecado e a justificar o transgressor.
O coração humilde e contrito, subjugado por arrependimento verdadeiro, compreenderá, até certo
ponto, o amor de Deus e o preço do Calvário; e como um filho confessa a sua transgressão a um
amante pai, assim o pecador verdadeiramente arrependido trará todos os seus pecados perante Deus.
E está escrito: «Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda a injustiça.» (I João 1:9).
Paz perfeita
Quando a vossa consciência é despertada pelo Espírito Santo, começais a ver o carácter odioso do
pecado, a sua culpabilidade, a sua miséria; e não o olhais senão com horror. Sentis que o pecado vos
separou de Deus, que estais cativos do poder do mal. Quanto mais vos debateis por lhe fugir, tanto
mais reconheceis a vossa impotência. Os vossos intentos são puros; impuro é o vosso coração.
Vedes que a vossa vida tem sido repleta de egoísmo e pecado. Almejais então o perdão, a pureza, a
liberdade. Estar em harmonia com Deus, ser semelhante a Ele; que fazer para o alcançar? Do que
necessitais é da paz, é do perdão do Céu, é do amor divino na vossa alma. Essa paz, não a pode
comprar o dinheiro, não a obtém a inteligência, nem a sabedoria a pode atingir. Mas Deus vo-la
oferece como um dom, «sem dinheiro e sem preço.» (Isaías 55:1). Ela pertence-vos: basta que
estendais a mão para a receber. Diz o Senhor: «Ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve: ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se
tornarão como a branca lã.» (Isaías 1:18). «E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um
espírito novo.» (Ezequiel 36:26).
Confessastes os vossos pecados e de coração os renunciastes. Resolvestes entregar-vos a Deus. Ide
agora a Ele e pedi-Lhe que vos lave dos vossos pecados e vos dê um coração novo, e crede então

que o fará, porque assim o prometeu. Esta é a lição que Jesus ensinou nos dias da Sua vida
terrestre. O dom que Deus nos prometeu, é preciso simplesmente crer que o recebemos e será nosso.
Jesus curava as enfermidades dos que tinham fé no Seu poder, socorria-os nas coisas visíveis, a fim
de dar-lhes confiança n’Ele quanto às coisas invisíveis – levando-os assim a crer na Sua autoridade
para perdoar pecados. Foi o que afirmou claramente ao curar o paralítico: «Para que saibais que o
Filho do homem tem na Terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico):
Levanta-te: toma a tua cama e vai para tua casa.» (Mateus 9:6). O mesmo diz também o apóstolo
João falando dos milagres de Cristo: «Estes, porém, foram escritos para que creais que Jesus é o
Cristo o Filho de Deus e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.» (João 20:31).
Do singelo relato bíblico sobre a maneira como Jesus curava os doentes, podemos aprender alguma
coisa acerca do modo como devemos crer n’Ele para obter o perdão dos pecados. Voltemos ao caso
do paralítico de Betesda. O pobre enfermo era um inválido; havia trinta e oito anos que não fazia
uso das suas pernas. No entanto, Jesus ordenou-lhe: «Levanta-te, toma a tua cama e vai.» O doente
poderia ter dito: «Senhor, se quiseres curar-me, obedecerei à tua palavra.» Mas não; creu na palavra
de Cristo, creu que estava curado e fez imediatamente o esforço; decidiu andar e andou. Agiu sobre
a palavra de Cristo e Deus concedeu-lhe a força. Estava são.
Como ele, vós sois pecadores. Não podeis expiar os vossos pecados passados nem podeis mudar o
vosso coração e santificá-lo. Mas Deus promete fazer tudo isso por vós, mediante Cristo. Crede
nesta promessa. Confessai os vossos pecados e entregai-vos a Deus. Desejai servi-l’O. Logo que
tenhais feito isto, Deus cumprirá a Sua palavra a vosso respeito. Se crerdes na promessa de que
estais perdoados e purificados – Deus transformará a vossa fé em realidade: sereis curados, dizei:
«Creio; assim é, não porque eu o sinta, mas porque Deus o prometeu.»
Jesus diz: «Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis.» (Marcos 11:24). Mas
esta promessa tem uma condição: que oremos segundo a vontade de Deus. Ora é da vontade de
Deus purificar-nos do pecado, tornar-nos Seus filhos e habilitar-nos a viver uma vida santa.
Podemos, pois, pedir essas bênçãos, crer que as havemos de receber e agradecer a Deus havê-las já
recebido. Da nossa parte não temos mais do que ir a Jesus para ser purificados e para subsistir
perante a Sua lei sem confusão nem remorso. «Portanto, agora nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.» (Romanos 8:1).
Desde este instante não pertenceis mais a vós mesmos; fostes comprados por grande preço. «Não
foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados... mas com o precioso sangue
de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado.» (I Pedro 1:18-19). Por este simples
acto de fé em Deus, o Espírito Santo gerou na vossa alma uma vida nova. Sois agora um filho
nascido na família de Deus e Ele ama-vos como ama o Seu próprio Filho.
Agora que vos entregastes a Jesus, não torneis atrás; não vos furteis ao Seu amplexo, mas dizei, dia
a dia: «Pertenço a Cristo; a Ele me entreguei», pedi-Lhe o Seu Espírito e a Sua graça para vos
guardar. Dando-vos a Deus e crendo n’Ele é que vos tornastes Seus filhos; é da mesma sorte que
deveis viver n’Ele. Diz o apóstolo Paulo: «Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim
também andai nele.» (Colossenses 2:6).
Olhai para cima, vós que duvidais e tremeis: Pois Jesus vive para interceder por nós. Agradecei a
Deus, o dom do Seu Filho amado e orai para que Ele não tenha, para vós, morrido em vão. O
Espírito convida-nos hoje. Vinde a Jesus de todo o vosso coração e podereis reclamar a Sua graça.
Ao ler as promessas, lembrai-vos de que são a expressão de um amor e de uma misericórdia
inexprimíveis. O grande coração do Amor Infinito inclina-se irresistivelmente para o pecador.
«Temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas.» (Efésios 1:7). Sim, crede tão-somente

que Deus é o vosso socorro. Ele quer restaurar no homem a Sua imagem imortal. À medida que
d’Ele vos aproximardes, pelo arrependimento e pela confissão dos pecados, Ele aproximar-se-á de
vós, com a misericórdia e com o perdão.

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