sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 Colecção “Verdades Eternas”.14

O CÉU E O INFERNO SEGUNDO

A BÍBLIA SAGRADA

A Bíblia não ensina que fogos do inferno estão ardendo agora, nem pretende que os pecadores
estejam já sendo atormentados. O inferno não é um local permanente de castigo, onde os ímpios
devam ser guardados vivos através da eternidade. É, sim, um local onde os ímpios, depois do dia do
juízo, serão plena e finalmente destruídos.
Esta doutrina é claramente ensinada pelo apóstolo Pedro: «Pelas quais coisas pereceu o mundo de
então, coberto com as águas do dilúvio. Mas os céus e a terra que agora existem, pela mesma
palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição
[destruição] dos homens ímpios. ... Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os
céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que
nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser, em
santo trato e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus,
em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.» (II Pedro 3:6, 7, 10-13).
Este plano é muito lógico. Os ímpios serão punidos no próprio local onde foram cometidos os seus
pecados. Seria muito estranho se eles devessem ser transportados pata outro planeta onde a
maldição do pecado nunca sobreveio e sofressem então aí pelas suas más acções. Não; precisamente
como os antediluvianos foram destruídos sobre a Terra, assim, no fim, todos os ímpios terão o seu
fim na Terra, não num dilúvio de água, mas num lago de fogo e enxofre.
A Terra purificada
O fogo do juízo final realizará um propósito duplo. Não só destrói o pecado e pecadores, como
purificará a própria Terra. O pecado poluiu o próprio terreno que o homem pisa e o ar que ele
respira. A Terra está cheia de insectos destruidores de vida, de micróbios causadores de doenças e
sujidade; e a sua superfície tem sido horrivelmente maculada pelas obras do homem e como
resultado da tríplice maldição. Está cheia também de ervas daninhas, espinhos e cardos e de
milhares de plantas nocivas que impedem o homem na sua luta por produzir alimentos e flores.
Com efeito a habitação do homem está tão cheia dos resultados do pecado humano que se tornou
um lugar absolutamente impróprio para habitação de um povo justo. A Terra, portanto, deve ser
purificada; porque uma vez mais deve tornar-se um paraíso e o lar dos remidos. Este é mais um
motivo por que o fogo do juízo será aceso aqui sobre este planeta.
Segundo as palavras do apóstolo Pedro, acima citadas, os próprios « elementos, ardendo, se
desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão.» É claro que toda a Terra deve tornar-se uma
imensa caldeira de fogo e deve ser inteiramente derretida a purificada de toda a coisa má como
preparação para a reconstituição e retauração da primitiva beleza pela mão do Criador. É isso que
sucederá precisamente. «Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra,
em que habita a justiça.» (II Pedro 3:13).
Destruição completa
A destruição dos ímpios será completa. Não tendo recebido de Cristo o dom da imortalidade, eles
perecerão rapidamente nas chamas de Geena (*). Isto destrui-los-á por completo.

«Porque, eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos, e todos os que cometem
impiedade, serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de
sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. ... E pisareis os ímpios, porque se farão cinza,
debaixo das plantas dos vossos pés, naquele dia que farei, diz o Senhor dos Exércitos.» (Malaquias
4:1, 3).
O profeta Naum, ao descrever o destino dos inimigos de Deus, exclama: «Que pensais vós contra o
Senhor? Ele mesmo vos consumirá de todo: não se levantará por duas vezes a angústia. Porque,
ainda que eles se entrelacem, como os espinhos, e se saturem de vinho, como bêbedos, serão
inteiramente consumidos, como palha seca.» (Naum 1:9-10).
O mesmo concordam as palavras do Salmista: «Não te indignes por causa dos malfeitores, nem
tenhas inveja dos que obram a iniquidade. Porque cedo serão ceifados como a erva, e murcharão
como a verdura. ... Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor
herdarão a terra. Pois ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não
aparecerá. ... Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a gordura dos
cordeiros: desaparecerão e em fumo se desfarão. ... Vi o ímpio, com grande poder, espalhar-se como
a árvore verde na terra natal. Mas passou e já não é: procurei-o, mas não se pode encontrar.»
(Salmos 37:1-2, 9-10, 20, 35-36).
Não há pecadores à prova de fogo. Deus podia mantê-los vivos mesmo na Geena, mas para que
servia isso? Deseja Deus que o Seu belo universo seja manchado para sempre por uma hedionda
mancha, onde os Seus inimigos se contorçam em dores e torturas através da eternidade? Mil vezes
não. Ele dará um fim completo aos Seus inimigos e destruirá até as próprias obras das suas mãos.
Desarraigá-los-á para sempre. Serão como se nunca tivessem existido. Ver Obadias 16.
___________
(*) Nota: Segundo as línguas originais da Bíblia há dois termos com sentidos diferentes: Inferno, que significa a sepultura, e Geena, o fogo do juízo
final – embora traduzidos indistintamente inferno.
A segunda morte
Em Apocalipse é indicado que a destruição que sobrevem a Satanás e aos pecadores, no lago de
fogo, é a segunda morte. «E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo, esta é a segunda
morte.» (Apocalipse 20:14).
Devido ao pecado de Adão todos, excepto os justos, que estiverem vivos quando Jesus vier, terão de
sofrer a primeira morte. Dessa morte deve haver uma ressurreição. «Porque, assim como todos
morrem em Adão, assim, também, todos serão vivificados em Cristo.» (I Coríntios 15:22).
Mas da segunda morte, que os homens sofrerão por causa dos seus pecados não haverá ressurreição.
É o termo final e completo da vida. Os ímpios serão «desarraigados». A sua morte é eterna. Nunca
mais voltarão a viver.
Fogo eterno
Na verdade o fogo com que os ímpios serão destruídos é chamado «fogo eterno». Eles hão-de ir
para o «castigo eterno»; isto é, esse castigo será eterno nos seus efeitos. O castigo que será infligido
aos pecadores é a morte, morte eterna pelo fogo da geena, destruição tão completa que os
pecadores jamais podem voltar à vida. Será como se nunca tivessem existido.
O facto de que a Bíblia fala do castigo eterno para os ímpios tem levado muitos a tirarem a
conclusão de que os ímpios continuam a sofrer no inferno eternamente. Esses têm interpretado

grosseiramente mal os ensinos das Escrituras. Um texto assim interpretado é Mateus 25:46: «E irão
estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.» (Mateus 25:46).
Este versículo fala de «castigo eterno», e não de tormentos no inferno. Pelo contrário, menciona que
os que sofrem a segunda morte estarão para sempre mortos. «O salário do pecado é a morte», e a
segunda morte é eterna. Desta não há ressurreição. Os ímpios nunca mais voltarão a viver. Assim o
seu castigo – a morte – é eterno [Orig Kólasis: «castigo» e não tormento].
Há uma vasta diferença entre castigo eterno e sofrimento eterno. Não haverá sofrimento eterno.
Deus não é um tirano nem um inimigo. Ele não tem prazer na morte dos ímpios e certamente não
tem qualquer desejo de continuar a torturá-los através de toda a eternidade. Ele tem de os destruir
para desarraigar o pecado e a rebelião e tornar o universo um lugar seguro e decente em que o Seu
povo possa habitar. A destruição dos pecadores será como o da «palha». Eles serão consumidos
como a gordura dos cordeiros; «em fumo se desfarão». Ver Salmos 37:20. E isso será o seu fim.
Aqui cai a cortina sobre uma era de rebelião e de pecado. Cristo, o Libertador, revelou-Se poderoso
para salvar. O Seu arqui-inimigo já não existe. Os resultados da maldição foram destruídos. O fogo
derreteu e purificou a Terra. Uma vez mais o universo está puro. Uma vez mais é restaurada a
harmonia perfeita. Agora Jesus é o Senhor de tudo.
Paraíso restaurado
A rebelião terminou. Jesus Cristo é gloriosamente vitorioso. O fogo da geena realizou a sua obra
purificadora. Satanás, o pecado e os pecadores desapareceram. Pereceram por completo de sobre a
face da Terra. Desapareceram também todas as obras do homem. Toda a coisa impura e nociva foi
destruída nas chamas. Os resultados do pecado estão no passado.
A destruição de Satanás e de todos os seus seguidores abrirá finalmente o caminho para o
estabelecimento completo do reino de Cristo sobre a Terra e a restauração do homem no seu lar
edénico.
Era o propósito original de Deus que os homens habitassem a Terra a esse propósito, embora
temporariamente interrompido pela introdução do pecado, realizar-se-á finalmente.
Esta Terra é a herança do homem. A promessa feita a Abraão e à sua semente, de que eles herdariam
a Terra, não foi uma promessa vã. Cumprir-se-á tão certamente como é certo que Deus vive, pois
Ele «não é tardio» acerca das Suas promessas. Nenhuma delas falhou. «Porque, a promessa de que
havia de ser herdeiro do mundo, não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela
justiça da fé.» (Romanos 4:13.
Depois de descrever a purificação da Terra pelo fogo da geena, o apóstolo Pedro exclama em
êxtase: «Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a
justiça.» (II Pedro 3:10-13).
A Nova Terra
O lago de fogo não é, portanto, para destruir a Terra, mas apenas para a derreter e purificar.
Quando o fumo tiver subido e restarem apenas cinzas, o Senhor exercerá uma vez mais o Seu poder
criador para renovar. Esta é, também, a promessa de Deus, pois «o que estava assentado sobre o
trono disse: Eis que faço novas todas as coisas.» (Apocalipse 21:5).

Isto é tão velho como o plano da redenção. Quando Deus estabeleceu o programa da salvação do
homem incluiu não só a sua pessoa, mas também o seu lar. A Bíblia abunda em promessas de Deus
acerca de uma Terra renovada na qual o Seu povo habitaria. Assim, declarou através do profeta
Isaías:
«Porque, eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem
mais se recordarão. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que
crio para Jerusalém alegria, e para o seu povo gozo. E folgarei em Jerusalém, e exultarei no meu
povo: e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor.» (Isaías 65:17-19).
Com isto concordam as palavras de Jesus proferidas no Monte das Bem-aventuranças quando disse:
«Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.» (Mateus 5:5).
O amado João diz-nos que em visão viu o lar dos homens no seu restaurado estado. «E vi um novo
céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.»
(Apocalipse 21:1).
Na Nova Terra será plenamente restaurada a glória do Éden. A Terra será como antes de a sombra
da maldição cair sobre ela. Que lugar edénico será a habitação eterna do povo de Deus!
Este é o lar há muito perdido pelo homem. Tudo o que foi perdido por ele na queda, ser-lhe-á
restituído de novo na Nova Terra. Haverá uma «restauração de tudo», diz Actos 3:21. O primeiro
domínio será restituído ao homem por meio de Cristo (Miqueias 4:8); e – graças a Deus! – a
restauração inclui a volta do jardim do Éden para a Terra. Uma vez mais o homem andará junto ao
rio da vida e beberá das suas águas cristalinas e vitalizantes. Uma vez mais terá livre acesso à
árvore da vida, da qual há tanto tempo fora exilado. Sim, o Éden, o jardim de Deus, o primeiro lar
do homem, uma vez mais derramará sobre a Terra a fragrância da sua floração e verdura.
A Nova Jerusalém
A Nova Jerusalém tornar-se-á capital eterna. Esta maravilhosa cidade, com as suas imponentes
muralhas de jaspe, as suas doze portas, cada uma delas uma sólida pérola, com as suas ruas de ouro
transparente; com as suas «muitas moradas» preparadas para os santos por Jesus e pelos anjos estará
já repousando sobre a Terra. Terá escapado vitoriosamente da terrível conflagração que destruiu
Satanás e os pecadores e do interior das suas muralhas o Rei Jesus governará as nações.
João, no Apocalipse, tentou uma descrição desta gigantesca metrópole, tal como a viu descer do
Céu. Descreveu-a assim: «E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra
preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente.» (Apocalipse 21:11).
«E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois
com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.»
(Apocalipse 21:3).
«E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. E a
cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem
alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada. E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para
ela a sua glória e honra. E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite.»
(Apocalipse 21:22-25).
Assim a Terra, campo de batalha das forças do bem e do mal, que durante cerca de 6 000 anos
esteve nas mãos do chefe rebelde, não será apenas restituída ao reino de Deus, mas será exaltada

acima de todos os miríades de mundos e planetas na vasta criação de Deus. A cidade de Deus, como
memorial estará localizada no próprio local onde Jesus foi condenado à morte pelos Seus inimigos.
Nessa altura Satanás pensava que tinha a vitória. Tinha conseguido colocar inerte o Filho de Deus
na sepultura e tinha-a selado com o selo romano. Mas Ele, que saiu como vencedor do diabo e da
morte, estabelecerá o Seu trono eterno no monte de Sião como memorial perene do Seu completo
triunfo sobre todos os seus inimigos.
«E o Senhor será rei sobre toda a terra: naquele dia, um será o Senhor, e um será o seu nome. ... E
habitarão nela, e não haverá mais anátema, porque Jerusalém habitará segura.» (Zacarias 14:9-11).
Quem pode descrever a glória daquela Terra? Quem pode avaliar o valor da vida eterna? Os mais
arrebatados sonhos do homem não o podem conceber. «As coisas que o olho não viu, e o ouvido
não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.» (I
Coríntios 2:9). Mais alto do que o mais elevado pensamento humano pode atingir é o amor de Deus
pelos Seus filhos e esse amor manifestar-se-á na recompensa que Ele deseja prodigalizar-nos na

vida futura. Só então fruiremos plenamente a vida mais abundante que Jesus declarou ter vindo dar-
nos.

A Bíblia abre com o Éden perdido, com a maldição repousando pesadamente sobre o homem que
foi apartado de Deus e está sob a sentença de morte. Termina com o Éden restaurado com o homem
plenamente reinstalado no seu lar perdido e desfrutando a honra e bênção da imortalidade e da vida
eterna.

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