Colecção “Verdades Eternas”.15
O BAPTISMO – TESTEMUNO PÚBLICO DA
ACEITAÇÃO DE JESUS
A maior instituição que há entre os homens é a Igreja Cristã. Fundada pelo próprio Cristo, tem
subsistido há vinte séculos. Milhões de crentes nos séculos de perseguição preferiram renunciar às
suas vidas a desobedecer aos seus ensinamentos divinos. E ainda hoje aquele que deseja auxílio do
Céu e comunhão com os seguidores de Cristo tem de volver os passos para a casa de Deus.
Quais são então os ensinos fundamentais que devem aceitar os que querem estar em comunhão com
a Igreja, e qual é o acto exterior e oficial que admite na Igreja um candidato?
O que quiser fazer parte da Igreja tem de primeiro crer no sacrifício substituinte de Cristo, que
morreu, foi sepultado e ressuscitou, em favor da humanidade pecadora. Sobre esta primeira e
grande verdade o apóstolo Paulo escreveu: «Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos
tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual, também,
sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão. Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados,
segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.»
(I Coríntios 15:1-4).
Ele terá de crer neste sacrifício na cruz, não somente como um facto histórico, mas também como
uma verdade salvadora. Terá de ver na morte de Cristo a sua própria morte e terá de crer que, pelo
sangue d’Ele, poderão ser lavados os seus pecados. Noutras palavras, terá de, pela fé, certificar-se
de que assim poderá pôr fim à sua vida de pecado e começar vida nova sem pecado. Dizem-nos as
Escrituras que Jesus Cristo «em seu sangue nos lavou dos nossos pecados.» (Apocalipse 1:5). O
apóstolo Paulo declara: «Segundo a sua misericórdia, nos salvou, pela lavagem da regeneração e da
renovação do Espírito Santo.» (Tito 3:5). Em seguida, descrevendo a transição de uma esfera da
existência para a outra, fala do «velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano»,
como representando a pessoa entes de ser um cristão, e do «novo homem que segundo Deus é
criado em verdadeira justiça e santidade», como retratando o homem depois de iniciado na igreja.
(Efésios 4:22-24
).
Eis as grandes verdades sobre que se edifica a Igreja. Sobre estas repousam todas as outras
doutrinas.
O Baptismo, porta de entrada para a Igreja
Examinemos as Escrituras, a fim de descobrirmos que acto nos torna pública e definitivamente
membros desta grande instituição. Cristo ordenou aos Seus apóstolos que fossem a todas as nações,
para proclamarem-lhes as gloriosas verdades da salvação, disse: «Portanto ide, ensinai todas as
nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.» (Mateus 28:19).
Nestas palavras de Cristo encontramos o que procuramos. Os apóstolos deviam, não só ensinar
todas as nações, preparando assim o povo para estar em comunhão com a Igreja Cristã, mas também
ministrar o rito do baptismo aos que aceitassem os seus ensinos. O baptismo, conforme o plano de
Deus, é a porta através da qual homens e mulheres crentes entram na Igreja. São, pois, assim
formalmente «agregados» ao corpo dos crentes. (Actos 2:41).
A Escritura Sagrada fala-nos do baptismo em vários lugares, em exemplos que nos permitem avaliar
a sua importância e compreender a maneira exacta como deve ser ministrado.
Baptismo, uma cerimónia da Nova Dispensação
O baptismo é uma cerimónia da nova dispensação. Não é uma sombra de algo que tivesse de
ocorrer no futuro, como eram as cerimónias do Velho Testamento, mas é, pelo contrário, um grande
memorial testificando que o sacrifício de Cristo no Calvário teve lugar e que o participante na
cerimónia acredita que ele aceita a garantia da sua aceitação por Deus.
«Ou não sabeis que, todos quantos fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na sua
morte? De sorte que fomos sepultados com ele, pelo baptismo, na morte; para que, como Cristo
ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós, também, em novidade de vida.
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na
da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o
corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto
está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos.» (Romanos 6:3-8).
O baptismo representa dois acontecimentos importantes: em primeiro lugar, a morte, sepultamento e
ressurreição de Cristo; em segundo lugar, uma morte para o pecado, um sepultamento da velha
natureza e uma ressurreição espiritual por parte dos que aceitam Cristo.
Somos baptizados na Sua morte.
Somos sepultados com Ele pelo baptismo.
Viveremos na semelhança da Sua ressurreição.
A conversão não traz apenas uma experiência de «novo nascimento» para o pecador, mas também
uma morte definitiva para a velha vida do pecado. Ela não deve apenas voltar-se para algo novo,
mas deve voltar-se de algo de velho e repudiá-lo.
O velho homem do pecado deve ser morto. Não só a pessoa se torna «uma nova criatura», como
isso é tão verdade que «as coisas velhas já passaram».
Desta experiência fala o apóstolo Paulo com grande clareza: «E os que são de Cristo crucificaram a
carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no
Espírito.» (Gálatas 5:24-25).
O velho homem é crucificado; doravante não deve servir ao pecado. Ver Romanos 6:6.
Desde o tempo da conversão a pessoa deve viver uma vida transformada. As coisas que outrora
amava e apreciava devem agora ser abandonadas e esquecidas. A carne é crucificada com as paixões
e concupiscências. Não mais ama o pecado nem os caminhos da impiedade. «Tudo se fez de novo».
Assim, o baptismo tem um duplo significado para o homem que nasce de novo. Não só se torna um
meio pelo qual pode expressar a sua fé na morte expiatória de Jesus pelos seus pecados, mas
testifica também de uma experiência pessoal e real pela qual está passando ao tornar-se filho de
Deus.
Que bela e apropriada ilustração de tudo isto encontra-se na cerimónia do baptismo! Quão
perfeitamente Deus providenciou para cada necessidade do pecador.
Como Cristo morreu pelo pecado dos homens, foi sepultado e três dias depois ressuscitou, assim o
pecador arrependido morre de uma morte espiritual para o pecado, sepulta a velha vida nas águas do
baptismo e ergue-se de novo na semelhança da Sua ressurreição. Ele foi baptizado em Cristo. Nele
tudo se fez novo.
Uma cerimónia necessária
O baptismo é uma cerimónia necessária. Quando Jesus deu a grande comissão evangélica à Sua
Igreja, ordenou-lhe: «Portanto, ide, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo.» (Mateus 28:19). O evangelho de Marcos cita da seguinte maneira as
palavras de Jesus: «Quem crer e for baptizado será salvo: mas quem não crer será condenado.»
(Marcos 16:16).
Certamente que uma linguagem como esta nunca poderia ter sido usada por Jesus ao falar de uma
cerimónia que pouco ou nenhum significado tivesse, ou que não fosse essencial no plano da
redenção.
Na verdade, a realização da cerimónia do baptismo só por si não salvará a pessoa dos seus pecados,
mas serve como símbolo de uma purificação espiritual.
Quando Saulo de Tarso se converteu, o servo de Deus, Ananias, disse-lhe para se baptizar e lavar os
seus pecados. Isso tinha algum significado na obra de conversão e regeneração. A purificação real
do pecado opera-se apenas pelo sangue de Cristo. Essa é a fonte que foi aberta para o pecado e a
impureza. O pecador tem redenção pelo Seu sangue (Efésios 1:7). As suas vestes manchadas pelo
pecado são lavadas e branqueadas pelo sangue do Cordeiro. (Apocalipse 7:14). Mas assim como era
necessário na velha dispensação um sacrifício pelo qual se podia exprimir a fé no sangue expiatório,
assim é necessário uma cerimónia para os que vivem deste lado da cruz. Os crentes de outrora
exprimiam a sua fé derramando o sangue de um cordeiro; os cristãos modernos passando pelas
águas do baptismo.
Com isto concorda o testemunho ulterior do apóstolo Pedro, que declara: «Que também, como uma
verdadeira figura, agora vos salva, baptismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da
indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo.» (I Pedro
3:21).
O Baptismo por si mesmo não salva
Sendo a doutrina do baptismo apresentada através de todo o Novo Testamento, intimamente
relacionada com a salvação e remissão dos pecados, concluem alguns que deve residir no próprio
rito uma eficácia inerente. Tal ideia é completamente errónea. O baptismo, em si mesmo, é tão
insuficiente para nos promover a salvação, como o comer do pão consagrado na Ceia do Senhor
para nos conferir os atributos de Cristo. O acto físico é apenas um símbolo de um acto espiritual ou
mudança que já se operou. E como é possível alguém participar indignamente da Ceia do Senhor,
assim também pode alguém receber o rito do baptismo indignamente – isto é sem o coração
preparado. Em ambos os casos, a pessoa continua numa condição perdida, não havendo recebido
bênção alguma na celebração do acto. Pior ainda, ela zombou de um símbolo solene ordenado por
Deus atraindo sobre si mesma a condenação do Céu.
Baptizados em Cristo
Em Romanos 6:3, como noutros textos, diz-se que quando o pecador arrependido é baptizado, é
«baptizado em Jesus Cristo». O professor Sauter, que é uma autoridade no grego do Novo
Testamento, fala-nos de certo velho manuscrito em papiro, mostrando que sempre que esta
expressão aparece o Novo Testamento, a pessoa baptizada torna-se propriedade da pessoa divina
indicada. Assim, o baptismo serve não apenas como testemunho de que o indivíduo renunciou à sua
velha vida de pecado, mas também que doravante é propriedade pessoal do seu Redentor. A sua
relação transforma-se. É agora o filho do Rei.
Requisitos para o Baptismo
Os requisitos para a cerimónia do baptismo são fé, arrependimento e plena aceitação de Jesus Cristo
como Salvador pessoal. Jesus disse: «Quem crer e for baptizado será salvo». A cerimónia deve ser
precedida pela fé. Sem fé em Deus e em Cristo como Salvador do homem, de nada vale o passar
pelas águas do baptismo. Isso seria uma forma morta. Seria apenas como o metal que soa e como o
sino que tine.
O baptismo das crianças não é, portanto, escriturístico. Antes que essa cerimónia seja ministrada a
uma criança, deve primeiro dar-se-lhe tempo de atingir a idade da responsabilidade pessoal. Deve
ensinar-se-lhe cuidadosamente a Palavra de Deus e, sendo possível levá-la a aceitar plenamente o
evangelho. A criança deve ter idade suficiente para reconhecer completamente o facto do pecado, a
sua necessidade de um Salvador pessoal, e de que só Jesus Cristo pode efectuar a sua redenção.
A criança não é responsável pelos seus pecados antes de atingir a idade da responsabilidade e da
razão. Por isso a cerimónia do baptismo não tem significado nenhum na sua vida antes de ser
atingido esse período.
«É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que
o buscam.» (Hebreus 11:6). Só os que atingiram a idade em que a fé se torna possível é que podem
tornar parte nesta importante e significativa cerimónia.
A maneira Bíblica
O único modo de baptismo reconhecido no Novo Testamento é a imersão. A palavra grega
«baptizo», da qual deriva a palavra portuguesa «baptizar», significa imergir ou mergulhar.
O Dr. Artur Perry Stanley, da Igreja Anglicana, nas suas Instituições Cristãs, declara que «durante
os primeiros treze séculos (depois de Cristo) a prática quase universal do baptismo era a que vemos
no Novo Testamento e que é representada pela palavra «baptismo» – pois que aqueles que eram
baptizados eram mergulhados, submergidos, imersos na água», Págs. 256, 257.
Foi deste modo que Jesus foi baptizado. Naquela altura João Baptista baptizava, os que se
convertiam, no rio Jordão. Centenas acorriam de Jerusalém, da Judeia e de toda a região
circunvizinha, para serem baptizados por ele.
«Então veio Jesus, da Galileia, ter com João, junto do Jordão, para ser baptizado por ele. Mas João
opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser baptizado por ti e vens tu a mim? Jesus, porém,
respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então
ele o permitiu. E, sendo Jesus baptizado, saiu logo da água e eis que se lhe abriram os céus e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é
o meu Filho amado, em quem me comprazo.» (Mateus 3:13-17).
Há um certo número de factos de importância vital apresentados neste registo do baptismo de Jesus.
Em primeiro lugar, Ele foi baptizado no Jordão. Ele andou todo o caminho desde Jerusalém até ao
Jordão para encontrar um lugar conveniente para o baptismo. Em segundo lugar, quando foi
baptizado, Ele «saiu logo da água». Isto indica claramente que o método de ministrar esta cerimónia
a Jesus foi a imersão, pois que Ele tinha entrado na água para ser baptizado. Finalmente, quando
Deus Pai olhou desde o Céu para aquela cena, aprovou o que tinha sido feito e falou directamente
do Seu trono aos que ali estavam, dizendo: «Este é o meu Filho amado em quem me comprazo».
Jesus, que é o exemplo em todas as coisas, passou, pois, pelas águas do baptismo e foi imergido,
ilustrando assim a Sua morte, sepultamento e ressurreição que em breve experimentaria para a
salvação da humanidade.
A mesma forma de baptismo foi também ministrada pelo evangelista Filipe, quando guiado pelo
Espírito de Deus, levou o eunuco etíope à aceitação de Jesus. Depois de estar convencido da
sinceridade e fé do eunuco, «mandou parar o carro e desceram ambos à água, tanto Filipe como o
eunuco, e o baptizou. E quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe e não o viu
mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho.» (Actos 8:38-39).
João Baptista, com cujo ministério foi instituída a cerimónia do baptismo, reconhecia que a fim de
ministrar convenientemente esta sagrada cerimónia era essencial ter muita água. Geralmente ele
baptizava no Jordão, embora, por vezes, transferisse a cena das suas actividades para outro local;
mas, ao fazer assim, escolhia lugares aptos para os serviços baptismais. Lemos a propósito o
seguinte: «Ora João baptizava, também, em Enon, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e
vinham ali, e eram baptizados.» (João 3:23).
A aspersão e a infusão na cerimónia do baptismo só foram introduzidas na Igreja séculos depois da primeira
Igreja Cristã. Porém essa forma não tem base nem no ensino das Escrituras nem no exemplo dos discípulos
de Jesus. Encontra-se entre os erros que se introduziram na Igreja durante o período que resultou da grande
apostasia predita pelo apóstolo Paulo: «Ninguém, de maneira alguma, vos engane; porque não será assim
sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se
levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora, de sorte que se assentará, como Deus, no templo de
Deus, querendo parecer Deus. ... Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste,
até que do meio seja tirado.» (II Tessalonicenses 2:3-7).
sábado, 27 de fevereiro de 2021
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